Agostinho Fernandes é o primeiro a apresentar a candidatura para a liderança do partido Ação Democrática Independente, na perspetiva do congresso marcado para o dia 30 deste mês. Propôs um “lugar de honra” para Patrice Trovoada, na estrutura do partido.
«Com lucidez e sentido de responsabilidade, nós militantes e dirigentes do ADI temos que ser capazes de, em união e companheirismo fazer um claro diagnóstico e avaliação das nossas forças e fraquezas, saber aquilo que os nossos militantes e o povo são-tomense esperam realmente de nós como partido”, disse o membro do Conselho de Administração do Banco Internacional de STP e ex-ministro da Economia e da Cooperação Internacional
O partido tem de “perceber o que os cidadãos santomenses toleram e o que não toleram, reconhecer as estratégias que funcionaram e as que falharam e perante o resultado do diagnóstico” ser capaz de “mudar o que tem que ser mudado e continuar a avançar”, acrescentou.
Agostinho Fernandes exortou os seus companheiros a ultrapassarem “a síndrome do elefante”, interpretado como uma referência ao Patrice Trovoada.
«Para o presidente autossuspenso, cuja visão, dedicação e contribuição para o crescimento e relevância política do ADI reservam-lhe, sem a mais pequena sombra de dúvidas, um lugar de honra na estrutura do partido»
A candidatura do militante do maior partido da oposição foi formalizada num ato em que estiveram presentes vários ex-ministros do XVI governo, o ex-secretário geral, Levy Nazaré e muitos quadros do ADI.
Fernandes vincou a necessidade do reforço da coesão interna, da democraticidade e do diálogo como linhas mestras do seu projeto de liderança.
«Os militantes e dirigentes que dão suporte político à minha candidatura querem um ADI para São Tomé e Príncipe, mais aberto, mais inclusivo, mais democrático, mais organizado, mais participativo e com uma agenda política de médio e longo prazo conhecida de todos», frisou.
«Enquanto militantes do partido, têm a exata noção do direito inalienável que lhes assiste de saber e de escolher para onde vão e para o que vão», insistiu,
Entende também que o seu partido “tem obrigação de ser parte da solução”, tendo apelado para uma “mudança de mentalidade e de comportamento” não só no partido, mas de toda a sociedade.
«Precisamos de libertar as nossas mentes de quaisquer amarras, receios ou preconceitos, que limitam o nosso poder de atuação», precisou o candidato à liderança do partido, tendo sublinhado que “o ADI tem de ser maior do que qualquer um dos seus militantes ou dirigentes, pois só assim ele será respeitado pela sociedade”.
Para Agostinho Fernandes, a grande prioridade é a solução dos problemas económicos. «Ao invés das lutas estéreis pelo poder, os partidos políticos precisam de entender urgentemente sobre uma agenda económica para São Tomé e Príncipe, pois o nosso verdadeiro problema não é político, mas sim económico», analisou.
«Enquanto o acesso ao poder, mais concretamente o executivo continuar a representar aos olhos da elite política santomense e os seus subsidiários a via mais fácil para ter acesso aos recursos financeiros, corremos o risco de não ultrapassar a crispação reinante na política nacional e as suas consequências nefastas para o desenvolvimento do nosso país”, acrescentou.
«Fazer política tornou-se, aos olhos de muitos dos nossos concidadãos, tão asqueroso quanto pertencer a um ‘gang’ de pequenos bandidos e marginais”. Por isso, “muito boa gente, cidadãos valiosos preferem, por esse facto, permanecer na sua zona de conforto, assistindo, na plateia ao espetáculo desolador que os políticos exibem ciclicamente, legislatura após legislatura”.
Lamentou as opiniões e posições “daqueles militantes e dirigentes que não abraçam as opções sustentadas” pela sua candidatura a liderança do partido e criticou as “tentativas irresponsáveis de se alimentar fações no interior do ADI, fragilizando ainda mais a sua unidade e coesão interna”.
Para Agostinho Fernandes o congresso do dia 30 deste mês só será uma oportunidade se o partido for capaz de promover uma verdadeira reforma interna e deixou alguns recados: “todos continuamos a ser precisos porque todos sempre fomos precisos”. O candidato está convencido que “não podemos virar as costas a uma militância que nunca nos virou as costas, nem a um país que fez de nós quem hoje somos”.
A sua candidatura deve-se ao “sentimento de que o país clama por um ADI renovado, forte e coeso. Fi-lo também e sobretudo com a firme convicção de que a história não nos julga apenas pelas nossas ações, mas também pelas nossas omissões”, justificou.
«Um ADI para São Tomé e Príncipe é o lema que nos move, pois o que queremos é um partido que entenda profundamente os anseios e as especificidades do nosso povo e do nosso país e que no respeito pela diversidade, seja um fator de união e de democracia e de concórdia entre os santomenses», sublinhou Agostinho Fernandes.