A campanha eleitoral iniciou oficialmente em São Tomé e Príncipe, na madrugada do passado sábado e termina a 16 de julho. O dia 17, sábado, é reservado ao “período de reflexão”, antes da ida às urnas no domingo, dia 18 de julho.
Nestas eleições presidenciais há 19 candidatos, dos quais três mulheres, vão disputar os votos de 123 mil eleitores.Os tempos de antena também já foram atribuídos, na rádio, são dez minutos e na televisão, cinco.
Entretanto, os jornalistas e técnicos da TVS, o canal público de televisão, decidiram iniciar uma greve na passada sexta-feira, o que pode pôr em causa o cumprimento desta prerrogativa que os candidatos têm.
A CEN submeteu às candidaturas para a assinatura o Código de Conduta e de Ética a ser observado durante a campanha eleitoral. Os mandatários levaram o documento para ser analisado, antes de devolverem à entidade organizadora do pleito eleitoral.
O elevado número de concorrentes está a ser questionado. Para alguns é a expressão de cidadania participativa, face à situação em que o país se encontra, e as facilidades que a Constituição e leis afins dão. Outros entendem que é a banalização do cargo.
Em termos gerais, estão em confronto duas gerações. Os tradicionais, que já assumiram cargos políticos de alto nível no país e os que ainda não tiveram essa oportunidade e dizem que é hora de mudar. Neste último grupo, há candidatos que manifestamente não têm condições mínimas para assumir o cargo.
A e-Global sabe que já houve tentativas de desistência, junto ao Tribunal Constitucional, o que já não é formalmente possível. Tanto é que os boletins de voto já chegaram ao país com o apoio da cooperação portuguesa.
Parece haver consenso, que a Constituição e outras normas devem ser revistas para definir critérios mais exigentes e de acordo com os desafios de tempos atuais.
Enquanto isso, o presidente cessante decidiu não se recandidatar. É também uma novidade. Os anteriores chefes de Estado sempre brigaram por um segundo mandato.
Evaristo Carvalho não fez uma comunicação formal à Nação para explicar ao seu eleitorado a sua decisão. Porém, confirmou na sua última deslocação à Região Autónoma do Príncipe que não se recandidataria. Avançou como principal razão a idade.
“Está na hora de passar o bastão aos mais jovens para continuarem o trabalho”, dissera na ocasião.
Sabe-se que a saúde do chefe de Estado cessante também é delicada. Tem sido visto de algum tempo a esta parte a andar de bengala. Foi submetido a uma intervenção cirúrgica em Portugal, meses atrás, embora a natureza da operação não tenha sido do conhecimento público.
O seu mandato foi contraditório e polémico. Por exemplo, não se posicionou, de acordo com as normas legais, perante os excessos do governo do ADI (2014-2018), liderado por Patrice Trovoada, que mandou, entre outros episódios, invadir o parlamento. Em contrapartida, procurou ser mais interventivo nos últimos dois anos.
A expectativa é que a campanha eleitoral decorra em ambiente pacífico e que não se traduza em aumento de casos de Covid 19 no país.