O executivo santomense decretou mais um Estado de Calamidade de 01 a 15 de setembro, “pese embora as melhorias que se tem vindo a verificar” no combate a Covid-19, anunciou o porta-voz do executivo, após a reunião do Comité de Crise. É a quarta prorrogação, depois do final do Estado de Emergência.
Apesar de não se estar a observar situações críticas ou alarmantes, a extensão, segundo Adelino Lucas, foi justificada com dois factos novos: a abertura do novo ano letivo 2020/2021, esta terça-feira, com o início das aulas marcado para 8 de setembro, embora de maneira gradual; e a retoma prevista dos voos da Transportadora Aérea Portuguesa, TAP, via Gana.
O início das aulas trará “mobilidade da população, particularmente jovem e estudantil”.
«O Ministério da Educação e Ensino Superior deverá adotar as medidas necessárias, em articulação com os professores e o setor de inspeção das atividades escolares, para que sejam observadas, de forma regular, todas as medidas sanitárias de higienização, uso das máscaras e lavagem das mãos», indicou o responsável.
Por outro lado, com a retoma para breve dos voos da TAP “teremos uma mescla de passageiros e convém adotar as medidas sanitárias preventivas necessárias”.
Adelino Lucas reforçou o “alerta” às autoridades policiais para “agirem mais e melhor na prevenção e salvaguarda saúde publica”.
O Comité de Crise reconheceu que “o país tem observado ganhos na sua luta contra a pandemia da Covid-19” graças aos “esforços dos parceiros bilaterais e multilaterais” no apoio ao combate da doença.
O Comité deu igualmente “uma nota positiva” aos “esforços dos profissionais da saúde que têm dado o melhor de si”, o que tem evitado o alastramento da pandemia de forma assustadora, contrariamente às previsões da OMS feitas em março.
O Comité de Crise reconheceu que “a pandemia ainda está presente entre nós”.
Entretanto, a representante da Organização Mundial da Saúde, em São Tomé, garantiu que o país entrou no “fim da fase aguda da pandemia” da Covid-19. Por isso é necessário reforçar estratégias de “consolidação” destes resultados.
“Estamos a reforçar algumas estratégias para tentar parar a epidemia e aproveitamos também para reforçar o sistema que poderá responder com eficácia, na próxima vez que tivermos uma epidemia ou uma outra emergência no país”, disse Anne-Marie Ancia.
A OMS defende a estratégia de “busca ativa” nas comunidades, como “melhor solução para aproveitar os recursos limitados disponíveis” na luta contra a doença.
Desde o início da pandemia, a OMS já apoiou o país com materiais, equipamentos, consumíveis e formação de recursos humanos no valor superior a um milhão de dólares e promete “estender esse apoio até o fim da pandemia”.
Para a OMS, a doença “vai passar a ser endémica” no país, estando, por isso, a trabalhar com o Ministério da Saúde para se ter “a situação controlada”.
A organização receia o surgimento de uma segunda vaga da Covid-19 no arquipélago, por considerar que os cidadãos estão a “relaxar demasiado” nas medidas de prevenção.
«Cada dia identificamos um ou dois casos, o que significa que o vírus ainda está nas comunidades, e as pessoas não estão a respeitar isso», constatou Anne-Marie Ancia.
Os cidadãos “não estão a colocar as máscaras, não estão a observar o distanciamento social e isso pode fazer com que o vírus possa circular mais uma vez nas comunidades”, sublinhou. A representante da OMS sublinhou que “sem a participação da população o governo não vai conseguir parar a epidemia”.
Por isso, todo o esforço está virado para o rastreio nas comunidades onde os agentes de saúde e os voluntários trabalham para identificar casos suspeitos de Covid-19.
Para a OMS todo o sistema montado “está a funcionar em pleno”, designadamente o laboratório para testes e o hospital de campanha.
O laboratório de referência nacional foi reforçado, há dias, com um extrator automático e outros materiais fornecidos pelo Instituto Marquez de Valle Flor, o que vai aumentar a sua capacidade de testagem.
Por agora é “muito importante fazer um trabalho na comunidade, retomar a sensibilização das populações, para quebrar a cadeia de transmissão da doença”, aconselhou a representante da OMS no país.
O governo pretende também fazer igualmente testes massivos. A intenção era começar no Príncipe a 17 de agosto, mas até agora não se concretizou.