O presidente da República defendeu que o momento é de se olhar para o futuro. Propôs a reflexão sobre “os problemas de fundo do nosso país”, para se “arregaçar as mangas e lançarmo-nos ao trabalho”.
«Precisamos, hoje, na política, nas nossas instituições e nas reflexões que fazemos, de autênticos advogados do futuro, que não se importarão de defendê-lo, com todas as forças e energias, para que as crianças e jovens de hoje e as gerações vindouras tenham menos constrangimentos e dificuldades que as gerações atuais encontram», disse Evaristo Carvalho no seu discurso pelo 45.º aniversário da independência.
O chefe de Estado manifestou-se convicto de que, durante estes 45 anos, “um dos nossos maiores erros, foi não termos dado suficiente atenção ao futuro, tornando-o politicamente frágil nas nossas reflexões e decisões, hipotecados que estávamos com o imenso fardo da gestão quotidiana das urgências”.
«Qualquer avanço deve incorporar a reestruturação da economia, de modo a gerar dezenas de milhares de postos de trabalho, em particular para jovens. Isso apenas será possível com o envolvimento do setor privado nacional e forte mobilização do investimento privado estrangeiro», afirmou Evaristo Carvalho.
Uma economia robusta e pleno emprego devem assentar-se “na agricultura e na prestação de serviços, incluindo o turismo, tirando partido da beleza natural e da posição geoestratégica que ocupa no Golfo da Guiné com base nas suas tradições e bons costumes», especificou.
Para o mandatário, o “retomar do turismo em S. Tomé e Príncipe vai depender muito da confiança que conseguirmos transmitir aos turistas pelo mundo fora e aos operadores turísticos internacionais que poderão vir a investir nas nossas ilhas. Daí a importância em controlarmos convenientemente a Pandemia, oferecendo assim um turismo seguro. Medidas como a recente criação do Selo de Certificação para empreendimentos turísticos podem contribuir para este fundamental sentimento de segurança no seio dos turistas que decidam visitar-nos”.
«As autoridades têm aqui uma oportunidade para olharem para as antigas casas coloniais das roças de cacau e de café e para tudo quanto gira à volta das mesmas, promovendo a recuperação arquitetónica e saneamento do meio, bem como transmitir esperança às dezenas de milhares de concidadãos nossos que vivem em condições precárias de que com desenvolvimento de turismo nas antigas roças, poderão vir a desfrutar de oportunidades de melhor e mais emprego e melhores condições de vida», aconselhou.
Por outro lado, as reformas necessárias devem ir no sentido do país ter “uma superestrutura adaptada à sua dimensão com instituições pequenas e eficientes. Para tal, a formação e qualificação dos quadros é fundamental. Mas, acima de tudo, é vital a introdução de uma cultura de meritocracia na indigitação de quadros e responsáveis para os mais diversos níveis de responsabilidade na gestão do desenvolvimento do País”.
Para o bom funcionamento da administração, Evaristo Carvalho insiste na “meritocracia”, porque “a excessiva politização e partidarização de tudo vem desencorajando muitos quadros competentes que fazem a opção de emigrar, no caso dos residentes no País, ou de não regressar às Ilhas no caso dos quadros na diáspora”.
«Encorajo, pois o Governo e demais autoridades a olhar nessa direção e, de forma mais estruturada, abordar a problemática do contributo dos quadros santomenses na diáspora para o desenvolvimento do País durante a próxima década», incentivou.
«A Reforma das Forças de Defesa, Segurança e Ordem Interna, dando origem a uma estrutura moderna, voltada principalmente para a segurança das pessoas e bens, assim como da nossa Zona Económica Exclusiva é igualmente uma tarefa importante», acrescentou o presidente da República que também é o Comandante Supremo das Forças Armadas.
Evaristo Carvalho considerou que as opções tomadas na Região Autónoma do Príncipe, por exemplo, “nos domínios da atração seletiva de avultados investimentos estrangeiros, nos últimos anos, bem como na proteção e valorização dos ecossistemas, tendencialmente dirigidos para a sustentação de uma opção de desenvolvimento sustentável, em vários domínios, é um caminho responsável a explorar, porque liga o presente ao futuro”
«Devemos privilegiar o sentido de interdependência, favorecedor de um maior equilíbrio entreílhas, dotando as ligações marítimas de maior eficácia, tanto de ponto de vista da qualidade de transporte, como de infraestrutura portuária, que permita um efeito positivo significativo sobre a economia regional e, consequentemente, sobre a economia nacional», alertou.
«Esta será, provavelmente, uma boa maneira, entre muitas outras, de pôr o futuro numa posição privilegiada da nossa agenda democrática, respeitadora dos valores da comunidade como um todo, por um lado, e do compromisso com o futuro, por outro», refletiu.
A pandemia, que condicionou as celebrações, foi igualmente referenciada pelo presidente da República, quem reconheceu que o governo “conseguiu dar uma resposta satisfatória”.
Evaristo Carvalho agradeceu o envolvimento da sociedade civil, empresários nacionais e estrangeiros e da comunidade internacional em várias iniciativas e na onda de solidariedade para apoiar o país e o povo.
Entretanto, “devemos mantermos vigilantes, não baixar a guarda, antes pelo contrário adotar todas as medidas preventivas e organizativas por parte da população, seguir á risca as orientações das autoridades competentes”, sublinhando a importância da população “estar preparada para uma eventual segunda ou até mesmo terceira vagas que já é referida por muitos especialistas”,
As comemorações do 45.º aniversário da independência foram marcadas pelo acender da Chama da Pátria na Praça da Independência, que este ano não fez o trajeto habitual entre Batepá, no distrito de Mé-Zóchi e a capital, o hastear da bandeira nacional e inaugurações de várias obras, entre elas a Escola Secundária de Monte Café, pontes sobre o rio Água Grande e o novo auditório da Rádio Nacional.