O ex-Presidente da República de Timor-Leste José Ramos-Horta considera que o país continua no topo dos casos de sucesso das Nações Unidas, apesar de ainda haver grandes desafios em áreas como as da saúde, educação e agricultura.
“Num mundo conturbado, de tanta instabilidade e tanta insegurança, violência, intolerância, Timor continuar a ser um caso de sucesso para ONU [Organização das Nações Unidas]”, declarou, acrescentando que “o país está em paz, há zero violência política, total tolerância e inclusão em relação a religiões, etnias, nacionalidades que vivem aqui. Não há a mais pequena onda de violência como acontece em muitos países”.
O também Nobel da Paz falou à margem da cerimónia de abertura do novo Centro de Direitos Humanos da Universidade Nacional Timor Lorosa`e (UNTL), projeto financiado pela União Europeia, numa altura em que o país se prepara para as celebrações dos 20 anos do referendo em que Timor-Leste optou pela independência.
Afirmou, igualmente, que quem chega vê os progressos, inclusive na parte física, com mais estradas, eletricidade e comércio, mas admitiu que existem setores que podem ser melhorados. “Poderíamos ter feito melhor? Sim. Sem dúvida. A agricultura foi um falhanço, a segurança alimentar foi um falhanço. É inaceitável que tenhamos tão grande subnutrição infantil”, enumerou.
“O primeiro-ministro prometeu mais alocação orçamental em 2022 para saúde, educação e agricultura. Mas isso não basta e os responsáveis dessas partes têm que ser altamente pressionados, monitorados cada três meses para saber o que estão a fazer”, defendeu.
Ramos-Horta abordou o tema da corrupção, tendo dito que o dinheiro continua “a ser altamente tentador” e que o seu país “não foge à região em termos de corrupção”.
Quanto à instabilidade política no território timorense, rejeitou que tal exista e ajuntou que há um Governo a funcionar e o orçamento a ser executado, considerando normais os diferendos entre órgãos de soberania. “Há tensões, diferendos entre Parlamento e Presidente, entre o Presidente e o Governo. Mas cada um nas suas responsabilidades, como entende a interpretação da constituição. Não me preocupa rigorosamente nada”, concluiu.