As Nações Unidas denunciaram na sexta-feira (15) a existência de matanças étnicas, valas comuns com dezenas de corpos e violações em grupo no Burundi, que se encontra mergulhado numa grave crise política.
A organização garante ter provas de que as forças de segurança do Burundi praticaram violações em grupo enquanto procediam a buscas nas casas de líderes da oposição considerados suspeitos. Num relatório, a ONU explica que os agentes separaram as mulheres e as violaram, denunciando 13 casos de violência sexual.
As forças de segurança terão ainda sequestrado, torturado e matado dezenas de jovens. De acordo com um comunicado, o responsável pelos direitos humanos da ONU, Zeid Ra’ad al Hussein, declarou que a organização está a investigar imagens de satélite que mostram nove valas comuns encontradas em Bujumbura e em redor da capital. “A derrubada completa da ordem pública é iminente”, sublinhou.
Também, citado pela Euronews, Rupert Colville, porta-voz do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos, adianta que “a ideia de que estes casos podem ter uma dimensão étnica ganha força: uma das mulheres que foi vítima de abusos sexuais disse que o violador afirmou que estava a pagar o preço de ser Tutsi. Outra testemunha garantiu que os Tutsis foram sistematicamente mortos, enquanto os Hutus foram poupados. E no bairro de Muramvya, em Bujumbura, de acordo com várias testemunhas, a decisão de prender pessoas era tomada com base na étnia”.
Em 2005, o Burundi saiu de uma guerra civil de 12 anos entre um exército dominado pela minoria tutsi e grupos rebeldes da maioria hutu, durante a qual morreram mais de 300 mil pessoas.
Nos últimos meses, a violência no país já fez mais de 439 mortos e 200 mil pessoas deixaram o país.