Os fundos transferidos para África pela diáspora em França caíram 25% este ano, devido ao enfraquecimento dos trabalhadores migrantes devido à crise de saúde, revela um estudo publicado por ocasião do Dia Internacional do Migrante na sexta-feira.
“Em 2020, o volume de transferências de dinheiro das diásporas caiu apesar de um maior esforço feito por um terço dos remetentes”, sublinha o inquérito Ipsos/RMDA realizado de 23 de julho a 7 de agosto, financiado pela Agência Francesa de Desenvolvimento (AFD) e o Ministério da Europa e Negócios Estrangeiros.
Os resultados mostram uma queda de quase 25%, embora no primeiro semestre do ano 80% dos remetentes regulares tenham continuado a efetuar transferências de fundos, enviando em média mais de 1.300 euros por ano.
“A situação de saúde tem assim acentuado a fragilidade de alguns destes trabalhadores, apanhados entre a quebra nos seus rendimentos e as fortes exigências da família no país”, refere o estudo.
As remessas da diáspora, representam “fontes de rendimento essenciais para muitos países de África”, como o Senegal, onde representam 12,8% do PIB. “Esses valores também são superiores aos da ajuda oficial ao desenvolvimento, mesmo quando não consideramos as transferências informais, que também são substanciais”.
Banco Mundial
Os resultados desses estudos confirmam a tendência delineada por um relatório do Banco Mundial publicado no final de abril, que estimou que as remessas aos países pobres cairiam 20% este ano sob o impacto da pandemia.
Segundo o Banco Mundial, esses valores, que podem representar até um terço da economia de alguns países pobres, devem chegar a 445 mil milhões de dólares em 2020 contra 554 mil milhões em 2019.
Esta queda, a maior da história recente, é “em grande parte devido a uma queda no rendimento e no emprego dos trabalhadores migrantes, que tendem a ser mais vulneráveis (…) durante uma crise económica num país de acolhimento, explicou a instituição.
O inquérito IPSOS/RMDA foi realizado com 500 pessoas “das diásporas africanas em França, das quais pelo menos 75% enviaram dinheiro, em particular para a África subsariana”.