Em reação à morte de pelo menos quatro pessoas durante as manifestações de 14 de outubro de 2019 contra uma possível revisão da Constituição que permitiria ao presidente guineense Alpha Condé concorrer nas próximas eleições, François Patuel, especialista em África ocidental para a Anistia Internacional, declarou em comunicado que “O uso generalizado de gás lacrimogéneo e munições reais durante os confrontos entre manifestantes e forças de segurança em Conacri em 14 de outubro deixou pelo menos quatro pessoas mortas e várias feridas, segundo os grupos de defesa dos direitos humanos presentes na qualidade de observador. As forças de segurança devem abster-se de usar força excessiva e letal. As autoridades relataram pelo menos duas mortes, incluindo um policia na cidade de Mamou (centro do país)”.
“O uso da força letal contra manifestantes e espectadores e a prisão dos organizadores dos comícios é uma tentativa vergonhosa das autoridades guineenses de reprimir a dissidência por todos os meios. Esses atos devem ser investigados independentemente e os autores levados a julgamento em processos justos”, continuou Patuel.
“Uma vez que o clima político já está tenso, os assassinatos de 14 de outubro e as prisões arbitrárias de pelo menos 14 pessoas no fim de semana anterior apenas alimentam as tensões num país onde mais de 100 pessoas morreram durante protestos nos últimos 10 anos”, apontou o responsável.
“Em vista dessa situação desastrosa, as autoridades devem tomar medidas imediatas para romper o círculo vicioso da violência antes que a situação se torne incontrolável. Devem começar por garantir que os presos arbitrariamente por organizar as manifestações sejam libertados imediata e incondicionalmente e tomem todas as medidas necessárias para facilitar manifestações pacíficas e permitir que a população se expresse pacificamente, sem medo de represálias”, refere o documento.