A Alta Comissária das Nações Unidas para os Direitos Humanos pediu na quinta-feira à Guiné que assegure que as eleições deste fim de semana sejam realizadas de maneira “transparente”, a fim de evitar “distúrbios suplementares”.
A Guiné, que organiza um referendo constitucional e eleições legislativas no domingo, foi assolada durante quatro meses por uma contestação reprimida contra um possível terceiro mandato do presidente Alpha Condé, de 81 anos.
Até ao momento, os protestos resultaram em “dezenas de mortes“, disse Michelle Bachelet, perante o Conselho de Direitos Humanos, durante a sua análise da situação mundial.
“As informações referem divisões étnicas que se aprofundam, com incitação ao ódio, violência nas redes sociais e durante os protestos“, declarou Bachelet, observando que uma escalada da crise poderá ter consequências “profundamente nefastas“.
A Organização Internacional da Francofonia (OIF), que acompanhou o processo eleitoral na Guiné, questionou severamente a regularidade dos votos, considerando “problemáticos” mais de dois milhões de nomes de eleitores que apareciam nas listas.
Apontando para essas “irregularidades” observadas pela OIF, Bachelet instou as autoridades guineenses a “evitar mais agitações e garantir que as eleições sejam transparentes e inclusivas“.
A oposição ao Presidente Alpha Condé denuncia o referendo sobre a Constituição e as eleições legislativas organizadas simultaneamente como uma manobra do Chefe de Estado para concorrer a um terceiro mandato no final do ano, enquanto a atual Constituição limita o número a dois. A oposição aponta para um número desproporcional de eleitores em relação à demografia do país e à inscrição, alegando ser menor do que nas listas eleitorais.