RDCongo face à incerteza após a morte de Étienne Tshisekedi

Após o choque da notícia da morte de Étienne Tshisekedi, a República Democrática do Congo (RDC) mergulhou na incerteza política. Enquanto milhares de apoiantes do partido de Tshisekedi, União para a Democracia e Progresso Social (UDPS) se agrupavam no bairro de Limete em Kinshasa, onde residia o carismático líder. Rumores circulavam indicando que membros da Maioria Presidencial celebravam com champanhe a morte do seu histórico opositor.

Jean-Marc Kabund-a-Kabund, nomeado secretário-geral da UDPS por Étienne Tshisekedi, garante temporariamente a presidência do partido, mas já tem uma frente de oposição interna que considera o jovem catanguês de 35 anos, inexperiente para presidir o partido com profundas raízes étnicas do Kasai.

Félix Tshisekedi, filho do líder desaparecido, e o nome proposto pela oposição para assumir o cargo de primeiro-ministro, na sequência do Acordo de São Silvestre, tornou-se já num dos favoritos para a sucessão de Étienne Tshisekedi, que nunca indicou um sucessor político.

Uma sucessão que não será fácil. Félix Tshisekedi, que não beneficia de grande carisma, terá de fazer face a Valentin Mubake, muito apreciado pela base da UDPS e admirado pela sua inflexibilidade face ao poder de Joseph Kabila.

A primeira consequência da morte de Étienne Tshisekedi é o inevitável atraso que vai sofrer o Acordo de São Silvertre, na sua aplicação. Pois, a prioridade é a recomposição da UDPS, e evitar o desmantelamento do partido devido às lutas pela liderança, já em curso.

Por outro lado o Rassemblement, conjunto de partidos e organizações da oposição em torno do UDPS, terá de escolher o substituto de Étienne Tshisekedi na presidência do Conselho Nacional de supervisão do Acordo (CNSA), cujos nomes vão sendo lançados mas, o mais consensual é do popular Moïse Katumbi que o Rassemblement já anunciara que apoiava a sua candidatura na eleição presidencial.

Politicamente a RDC está paralisada, enquanto aguarda a chegada dos restos mortais de Étienne Tshisekedi e do funeral com honras de Estado. Dois momentos críticos e propícios à violência entre o campo presidencial e a oposição.

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