Milhares de manifestantes anti-governo marcharam por Harare, na quinta-feira, sob a vigilância estrita da polícia armada no primeiro comício desde a repressão a um protesto eleitoral em agosto.
Cantando e agitando cartazes denunciando o governo do presidente Emmerson Mnangagwa, os manifestantes reuniram-se no centro da capital do Zimbábue para ouvir discursos, depois da marcha.
O evento, que foi realizado com a aprovação da polícia, foi organizado pelo principal partido da oposição, MDC, que diz ter sido enganado na eleição de 30 de julho, oito meses depois de o antigo líder Robert Mugabe ter sido deposto.
Recorde-se que numa manifestação, dois dias depois das eleições, seis pessoas morreram quando as forças de segurança abriram fogo contra os manifestantes, minando os esforços de Mnangagwa para apresentar a eleição como um novo começo para a nação após anos de repressão sob a liderança de Mugabe.
Os manifestantes exibiram faixas dizendo “Mnangagwa tem que sair”, “Você roubou meu voto, por favor, devolva-o”, assim como slogans exigindo justiça sobre os tiroteios de 1º de agosto.
Grande parte da revolta dos manifestantes concentrou-se nos problemas económicos do Zimbábue, onde as pessoas esforçam-se para lidar com aumentos dramáticos nos preços e a escassez de bens essenciais, como pão, óleo de cozinha, gasolina e medicamentos.
Marchando sob chuva, os manifestantes entoaram elogios ao líder do MDC, Nelson Chamisa, que afirma ser o legítimo vencedor da eleição.
Mnangagwa, que assumiu o poder depois de Mugabe ter sido forçado a renunciar pelas forças armadas em novembro de 2017, prometeu revitalizar a economia arruinada após vencer a eleição. A última onda de conflitos económicos eclodiu no mês passado, quando o governo anunciou um imposto de dois por cento sobre todas as transações eletrónicas para aumentar a receita.
Muitos zimbabweanos dependem de pagamentos eletrónicos, pois os dólares americanos, que funcionam como a principal moeda do país, são escassos, com quase ninguém confiando na moeda local “bond notes”.
Os 37 anos em que Mugabe esteve no poder, foram marcados por corrupção e má administração que levaram a um êxodo de investidores, à emigração em massa e ao colapso de muitos serviços públicos.