O presidente do Zimbabwe, Emmerson Mnangagwa, declarou estado de desastre natural na segunda-feira, 16 de março, diante da pandemia de coronavírus. No entanto, as fronteiras permanecem abertas, o que suscita muitas preocupações porque a África do Sul já tem mais de 100 casos confirmados.
Embora oficialmente ainda não haja casos no país, o chefe de estado cancelou vários eventos, incluindo as celebrações da independência, programadas para o próximo mês.
Prevendo que seja apenas uma questão de tempo para que a pandemia se manifeste no país, um médico no hospital central de Harare, demonstrou a sua preocupação. “Não estamos prontos, estamos com falta de tudo, pessoal, remédios e equipamentos”, disse, citado pela RFI.
“No hospital onde trabalho, temos apenas 300 máscaras para todo o estabelecimento. Não temos equipamentos para nos proteger. E apenas três camas em cuidados intensivos, que já estão ocupadas. As autoridades dizem “lave as mãos”, mas não há água. Se você ficar muito doente, vai morrer, porque não nos podemos dar ao luxo de o tratar“, lamentou, segundo a RFI, e pedindo o anonimato.
Num sistema de saúde que falha há anos, a prioridade é a prevenção. “Precisamos fortalecer a triagem, especialmente nos postos de fronteira. A África do Sul é nossa vizinha e já existem muitos casos. Depois, há as Cataratas Vitória, com o seu aeroporto internacional, que recebe muitos turistas estrangeiros que podem ser portadores do vírus. Temos de fechar as fronteiras“, defendeu o médico.
Até ao momento o governo proibiu reuniões de mais de 100 pessoas, mas não anunciou o encerramento das escolas.