Santiago – O inverno chegou oficialmente ao Chile, em rigor, para todo o Hemisfério Sul do planeta, mas o que ainda está quente e confuso é o panorama político antes das primárias presidenciais.
É que a um mês da eleição dos candidatos do partido “Chile Vamos” e de uma das facções da oposição, estão a faltar muitas peças a este quebra-cabeças.
Para este 21 de junho de 2021, o economista Joaquín Lavín lidera a corrida entre os partidos que ainda apoiam a desprestigiada administração de Sebastián Piñera (46%), sendo escoltado pelo “independente” Sebastián Sichel (23%), o ex-ministro das Finanças, Ignacio Briones (11%), e um muito degradado Mario Desbordes, com 10% das preferências daqueles que admitem que iriam votar, segundo a empresa de pesquisas Cadem.
Transbordos desvalorizados?
No fim de semana foram realizadas as votações internas de Renovação Nacional (RN), o chamado “maior partido do Chile”. O candidato presidencial Mario Desbordes enfrentou o senador Francisco Chauán, que chegou a colocar a sua “militância no congelador” devido a um conselho federal que designou Desbordes como candidato às primárias.
Após a sua derrota, como corresponde, Desbordes admitiu o seu erro, mas agora está em situação de deficiência perante o eleitorado, que alguns uma vez o viu como uma opção de “diálogo de centro-direita” para aspirar à poltrona do Palácio de La Moneda. Chauán vai ler a cartilha ao candidato, aproximando-o de posições mais conservadoras.
Jadue avança com pé firme
Na primária de uma das “oposições”, o candidato do Partido Comunista, Daniel Jadue, parece estar em uma posição privilegiada (54%) perante o candidato da Frente Ampla, Gabriel Boric (40%). Os principais canais em sinal aberto anunciam os primeiros debates nos quais, tanto os porta-estandartes dos setores conservadores como os da “oposição”, poderão expor e trocar pontos de vista perante a opinião pública e os seus opositores do mesmo setor.
Enquanto isto acontece, os partidos Socialista, Pela Democracia e a Democracia Cristã anunciam uma “cidadã primária”, para acabar por descobrir água quente: que a presidente do Senado, Yasna Provoste, parece ser a “bala de prata” para derrotar, tanto a direita como os setores mais à esquerda do espectro político.
Na verdade, existe um “triplo empate” entre Lavín, Provoste e Jadue, todos com 13% das preferências, acompanhados por Pamela Jiles (8%, + 1pt), Gabriel Boric (6%, + 3pt), Sebastián Sichel (5%, -1pt), José Antonio Kast (5%, -2 pontos) e Franco Parisi (5%, -1 pontos). Mais atrás estão Paula Narváez (3%, + 1pt), Ximena Rincón (2%), Mario Desbordes (2%), Ignacio Briones (1%, -1pt) e Carlos Maldonado (1%). Todos estes números são oferecidos por Cadem.
Existe 21% do eleitorado que assegura que não votaria em nenhum dos candidatos, não sabe ou não responde. Será esse o espaço que dá suporte à Lista do Povo e que faz piscadelas para o prefeito de Valparaíso, Jorge Sharp, para que seja o seu candidato presidencial?
Nada está escrito no panorama político chileno.
Fernando Peñalver
