Prosur sob a liderança da Colômbia aspira ser mais do que um acrónimo

bandeira do Chile

Bandeira do Chile

Com uma agenda variada, que tem a Venezuela vencida como centro da sua preocupação, o Presidente Iván Duque busca o fortalecimento dessa instância política e económica

Santiago – A inclementes 30 graus Celsius na sombra, em uma cerimónia austera e sem muita pompa, o chefe de Estado do Chile, Sebastián Piñera, realizou na semana passada a transferência da Presidência Pro Tempore da Prosur para a República da Colômbia, representada no acto por seu proprietário, Iván Duque Márquez.

O encontro teve como assistentes “telemáticos” os chefes de Estado do Brasil (Jair Bolsonaro), Equador (Lenín Moreno), Paraguai (Mario Abdo) e Peru (Francisco Sagasti), além do primeiro-ministro da Guiana (Mark Phillips) e o Presidente do Uruguai (Luis Lacalle Pou), na qualidade de convidado especial.

Múltiplos são os compromissos do presidente colombiano num fórum de carácter liberal, que pretende o fortalecimento da democracia na região e a reativação económica pós-pandemia, para o qual promoverá a criação de um Fórum Empresarial Prosur.

Mas o que é a Prosur hoje em dia? Luis Daniel Álvarez, diretor da Escola de Estudos Internacionais da Universidade Central da Venezuela explica-nos. “A grande questão relacionada com Prosur é que continuamos a apostar, no continente americano, em organizações de integração que sejam mais do que siglas”.

E acrescenta: “Por que nasce a Unasul, que até a idei de parlamento tinha e que ficou num prédio abandonado na periferia de Quito? Porque era uma frente para ir minando, até certo ponto, a própria OEA, como no seu momento o fez a Celac (Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos)”, explica o professor venezuelano.

Álvarez diz que a Unasul não terminou de caminhar, pois “foi um fórum ideológico promovido pela Venezuela e pela Bolívia. Quando a situação muda em alguns países, decidem criar o Prosur. Então, na Unasul ficaram muito poucos integrantes. Não vejo maior conteúdo ou maior substância: tentarão dar impulso às questões de migração do Grupo de Lima”.

Da Colômbia

Gustavo Morales é o diretor da Escola de Ciências Políticas da Pontificia Universidade Javeriana de Cali e, em conversa com o e-Global, disse que acredita que o Prosur, o projeto promovido por nações democráticas com base em objetivos económicos, é a oposição em termos formais a um forum menos ideológico, atualmente, do que na época em que representava a Unasul.

“Unasul, Alba ou Mercosul foram tentativas infrutíferas em matéria de integração latino-americana, sob a asa da Venezuela chavista e do Brasil do Partido dos Trabalhadores, nas mãos de Lula da Silva. Prosur, junto com a Aliança do Pacífico e a Comunidade Andina de Nações, surgiram como projetos de desenvolvimento”, explica o médico da universidade canadense, Carleton.

Para Morales, com Duque na presidência, intensificarão-se os esforços de articulação para o isolamento diplomático da Venezuela, em primeira instância em coordenação com o governo de Donald Trump. “Com a chegada do governo de Joe Biden, haverá negociações neste sentido. Hoje a revolução bolivariana de Maduro está na defensiva, sendo Maduro o fracasso mais evidente dos projetos da esquerda latino-americana”.

Enquanto a região observa com expectativa crescente a crise humanitária e migratória na Venezuela, que se estima que aumentará para mais de 8 milhões de deslocados em 2021, Iván Duque e a sua equipa da Prosur viabilizam uma agenda que vai além das iniciais e que traduz-se em realizações concretas.

Fernando Peñalver

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