A Assembleia Nacional (AN) da Venezuela, que tem maioria de oposição, disse na terça-feira que há 198 militares detidos no país, acusados de “traição” por exigir respeito à Constituição, comida nos quartéis ou por “emitir critérios sobre a presença de grupos irregulares”.
“Temos 198 prisioneiros militares, injustamente detidos: 92 Exército, 23 Aviação, 25 da Marinha, 58 da Guarda Nacional”, disse o deputado e presidente da Comissão de Defesa do Parlamento, Eliezer Sirit, durante um debate sobre a “perseguição” dos membros das Forças Armadas.
Sirit explicou que a esses indivíduos são apontadas acusações “por traição ao país pelo simples fato de cumprir a nossa Constituição” ou porque reclamaram que “nos quartéis não há comida”.
“Assistimos (…) a relatos, histórias de cada um dos familiares que vêm a esta comissão para denunciar os abusos, a humilhação, tortura física e mental a que estão sujeitos esses oficiais, esses soldados”, acrescentou.
Dos 198 detidos constam o General da Aviação Miguel Sisco, os coronéis Miguel Castillo e Francisco Torres e o capitão Rafael Acosta, que, de acordo com os deputados, estão em “desaparecimento forçado” desde sexta-feira passada, quando a Alta Comissária da ONU para os direitos humanos, Michelle Bachelet, acabou a sua visita ao país.
Os deputados também referiram que dois ex-ministros do falecido presidente Hugo Chávez (1999-2013) que estão detidos, os militares Miguel Rodriguez Torres e Raul Emilio Baduel, estão a ser mantidos incomunicáveis e sem contato com as suas famílias.
O chefe do Parlamento, Juan Guaidó, reconhecido como presidente interino da Venezuela por mais de cinquenta países, questionou o desempenho dos militares em relação aos seus companheiros de armas presos e convidou-os novamente a defender a Constituição.
Por seu turno, a deputada Delsa Solórzano disse que o Parlamento entregou à Comissão de Direitos Humanos da ONU que Bachelet deixou instalada no país um “relatório completo” do desaparecimento de civis e militares.