Pelo menos 23 pessoas foram mortas num bairro da capital venezuelana numa operação que uma unidade especial da polícia descreveu como um confronto contra grupos criminosos, informou um jornal e ativistas de direitos humanos no domingo.
Segundo o jornal Últimas Noticias, próximo do partido no poder, os confrontos entre grupos criminosos e policias ocorreram em La Vega, região da zona oeste da cidade, e causaram a morte de 23 pessoas.
O destacamento de membros das Forças de Ação Especial (FAES) e Unidades Operacionais Táticas Especiais (UOTE) em La Vega, onde atuam várias quadrilhas criminosas, começou na sexta-feira e durou até sábado, indicaram ativistas de direitos humanos. Nem o jornal nem os ativistas relataram policias mortos.
“Pelo que me lembro, é a operação de ‘segurança cidadã’ com o maior número de vítimas”, escreveu Marino Alvarado, do Programa Venezuelano de Educação-Ação em Direitos Humanos (PROVEA), na sua conta no Twitter.
Sem dar mais informações, o chefe das FAES, Miguel Domínguez, publicou nas redes sociais vídeos realizados em La Vega em que se observam agentes encapuzados, com longas armas, a caminhar por ruas com prédios pobres de tijolos e zinco, como os que proliferam nos bairros das encostas que circundam Caracas.
“Continuamos vigilantes, para garantir a segurança de nossa gente”, escreveu Domínguez.
Ativistas disseram que os grupos querem consolidar o seu poder no sudoeste da cidade. Esses grupos, dedicados à extorsão, sequestro, entre outros crimes, usam a população civil como escudo, mas também existem execuções extrajudiciais por parte das autoridades, acrescentaram outros ativistas que não quiseram ser identificados por medo de represálias.
A Venezuela registou 12.000 mortes em atos violentos em 2020, segundo a ONG Observatorio Venezolano de Violencia (OVV), uma taxa de 45,6 por 100.000 habitantes, sete vezes maior que a média mundial.
Mais de um terço das mortes, de acordo com o OVV, foram registadas às mãos de policias e militares, fatos descritos pelas autoridades como consequência de “resistência à autoridade”.
As FAES têm sido alvo de múltiplas denúncias de execuções extrajudiciais e outras violações de direitos humanos.
Devido às denúncias, a Alta Comissária das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Michelle Bachelet, pediu a dissolução daquele órgão, que, no entanto, recebeu total apoio do presidente socialista Nicolás Maduro.