Naypyidaw anuncia a abertura de uma investigação, após a transmissão neste fim de semana, em redes sociais, de um vídeo mostrando agressão policial contra a minoria Rohingya muçulmana, marginalizada pelo país de maioria budista. Muitos vídeos do mesmo tipo já tinham sido divulgadas mas esta é a primeira vez que o governo reconhece possíveis abusos na Birmânia ocidental.
Neste vídeo, assiste-se a polícias agredindo com os punhos e pés um homem ao lado de dezenas de outros moradores, sentado no chão, com as mãos na cabeça. A cena terá sido filmada por um oficial durante uma operação de desminagem na aldeia de Kotankauk, a 5 de novembro. O governo birmanês anunciou a abertura de um inquérito, e a detenção de quatro policiais, incluindo o oficial que gravou a cena.
Já se passaram dois meses desde que as forças de segurança birmanesas lançaram uma enorme operação no estado de Rakhine, oeste do país, contra militantes envolvidos no ataque a postos fronteiriços em novembro. Desde então, 50.000 Rohingyas tiveram que atravessar a fronteira para o Bangladesh para escapar aos alegados abusos do exército: assassinato, estupro, incêndio de aldeias.
Até agora, o governo rejeitou qualquer acusação, dizendo que a situação estava “sob controlo”. Mas na semana passada mais de uma dúzia de prémios Nobel enviaram uma carta aberta ao Conselho de Segurança das Nações Unidas, solicitando uma resposta à alegada “limpeza étnica” e “crimes contra a humanidade”.
As críticas têm-se multiplicado nas últimas semanas contra outro a Nobel da Paz, Aung San Suu Kyi, que governa o país desde as últimas eleições e é acusada de não fazer o suficiente para ajudar os Rohingyas.