Durante meses, as maiores críticas à “guerra contra as drogas” do presidente filipino Rodrigo Duterte foi a senadora Leila de Lima, ex-secretária de Justiça, que denunciou a onda de assassinatos extra-judiciais que deixaram mais de 6.000 mortos sob o pretexto do combate ao uso de drogas. Como consequência, Leila de Lima, prepara-se agora para ser detida, a forma de Duterte silenciar os seus críticos.
A senadora foi acusada em outubro de tráfico de drogas, por alegadamente ter permitido o tráfico dentro de uma prisão metropolitana de Manila enquanto Secretária de Justiça. As acusações podem levar a uma pena de 20 anos de prisão.
A senadora negou as acusações, descrevendo-as como “uma mentira total” fabricada para a desacreditar e silenciá-la. No entanto, o seu gabinete comunicou esta terça-feira que está “preparada para ser detida” e que “rejeitou qualquer oferta de asilo político”.
“Esperávamos a sua prisão ontem”, disse Ferdie J. Maglalang, porta-voz de Lima, à TIME. “Mas sabemos que é uma questão de dias, pois esta administração está empenhada em colocá-la na prisão sob acusações falsas” “Ela prefere lutar dentro país, pois defende a sua inocência”, acrescentou.
Leila de Lima, advogada, candidatou-se ao cargo para continuar a campanha de direitos humanos que começou enquanto dirigia o Departamento de Justiça.
Em maio, Rodrigo Duterte, venceu as eleições presidenciais. “O castigador”, como era apelidado, prometeu durante a campanha eleitoral matar 100.000 criminosos. Desde que assumiu o poder em junho, mais de 6.000 supostos consumidores de drogas e agressores foram assassinados numa campanha nacional de assassinato extrajudicial, segundo estimativas confiáveis da imprensa local.
De Lima imediatamente confrontou Duterte legalmente, exigindo um inquérito do Senado sobre os assassinatos dentro das suas primeiras duas semanas como senadora.
Duterte retaliou, afirmando em agosto, publicamente, que enquanto servia como secretária de Justiça, um lugar que ocupou de 2010 até 2016, De Lima permitiu que o comércio de drogas continuasse na prisão de New Bilibud, na metrópole de Manila, em troca de doações de campanha de senhores da droga.
A prisão de De Lima será mais um ponto decisivo na consolidação do poder de Duterte desde que assumiu o cargo, o que alarmou as organizações de direitos humanos em todo o mundo.
Mesmo assim, Duterte permanece massivamente popular nas Filipinas, com 83% de aprovação nas sondagens do mês passado.