Indonésia e Malásia unem-se para combater a discriminação da UE contra o óleo de palma

O presidente Joko “Jokowi” Widodo e o primeiro-ministro da Malásia, Mahathir Mohamad, concordaram em formar uma frente unida no combate à política discriminatória da União Europeia (UE) contra os produtos à base de óleo de palma dos dois países do sudeste asiático.

“Ambos os líderes estão totalmente comprometidos em continuar a luta contra a discriminação do óleo de palma”, declarou

Retno Lestari Priansari Marsudi ministra indonésia dos Negócios Estrangeiros no Gabinete de Trabalho, em comunicado no sábado. A Indonésia e a Malásia já se comprometeram com o processamento e a gestão sustentáveis de óleo de palma, apontou Retno.

A Indonésia também adquiriu certificações de óleo de palma e dados científicos para contrabalançar a atual convição de que o óleo de palma é o principal destruidor de florestas tropicais no mundo – comparado com produtos similares como a soja e a colza.

“A nossa abordagem é uma abordagem aberta. Vamos trabalhar juntos. Mas se este convite para cooperar não for aceite e continuarmos a ser discriminados, é claro, a Indonésia e a Malásia não ficarão em silêncio. Vamos lutar”, sublinhou Retno.

Os dois países membros da Asean e a União Europeia concordaram em formar um grupo de trabalho sobre o óleo de palma. A Indonésia diz que o quadro de trabalho é duplamente importante.

A UE emitiu uma decisão em março que excluiria a maior parte do óleo de palma de ser usado em combustível de transporte verde até 2030, devido aos danos que causa ao meio ambiente.

Entretanto, o ministro do Comércio da Indonésia, Enggartiasto Lukita, disse que proporá uma tarifa de 20-25% sobre os produtos lácteos da UE para compensar o imposto de 8 a 18% sobre o biodiesel indonésio, que é feito de óleo de palma.

“Transmiti essa forte mensagem ao ministro do Comércio da UE. Eles poderão impor-nos qualquer medida, contanto que seja baseada num parâmetro justo”, disse Enggartiasto.

“Mas se [o parâmetro] continuar a ser injusto, isso é mais um passo em direção ao protecionismo e a uma guerra comercial. Seria impossível para nós ficarmos quietos”, adiantou Enggartiasto.

O ministro revelou que deu indicação aos importadores locais de laticíneos para começarem a encontrar outros fornecedores da Austrália, Nova Zelândia, Estados Unidos ou Índia antes de a Indonésia começar a impor a tarifa.

A UE exportou no ano passado leite e nata no valor de 135 milhões de dólares para a Indonésia, representado 26% da importação de produtos lácteos do país, segundo dados da UN Comtrade.

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