Indonésia: Número de mortos nos protestos de Papua sobe para 32

O número de mortos nos violentos protestos na província indonésia de Papua subiu para 32 depois de terem sido encontrados vários corpos em prédios incendiados, informaram as autoridades na terça-feira.

Uma multidão enfurecida incendiou prédios, lojas, casas do governo local, carros e motos na cidade de Wamena, na província de Papua, na segunda-feira, num protesto provocado por rumores de que um professor tinha insultado um estudante indígena.

O porta-voz da polícia de Papua, Ahmad Musthofa Kamal, disse na terça-feira que foram encontrados mais 12 corpos dentro e ao redor dos destroços queimados de edifícios incendiados pelos manifestantes. Setenta e duas outras pessoas foram hospitalizadas, muitas com queimaduras ou ferimentos na cabeça.

Kamal acredita que o número de mortos deve aumentar à medida que as autoridades inspecionam as áreas afetadas em Wamena.

O porta-voz da Polícia Nacional Dedi Prasetyo avançou que a polícia estava a proceder ao interrogatório de 733 estudantes universitários envolvidos noutro protesto em Jayapura que deixou um soldado e três civis mortos.

Kamal informou que a polícia identificou cinco estudantes como suspeitos de agredir os policiais. Os jovens podem enfrentar 5 anos e meio de prisão se considerados culpados. A polícia também prendeu dois homens suspeitos de orquestrar os protestos violentos, acrescentou, relatando que cerca de 5.000 pessoas fugiram para abrigos temporários da polícia local e quartel-general militar em Wamena, depois de as suas casas terem sido queimadas nos distúrbios.

O chefe da polícia nacional, Tito Karnavian, indicou em conferência de imprensa, na terça-feira, na capital, Jacarta, que a maioria das vítimas em Wamena eram pessoas não-indígenas da Papua, e, referiu que a situação ficou controlada na terça-feira, depois de terem sido enviados mais policiais e soldados para restaurar a segurança na região.

Karnavian acusou o líder separatista Benny Wenda de orquestrar a agitação anterior nas províncias de Papua e Papua Ocidental antes de uma reunião do Conselho de Direitos Humanos da ONU em 9 de setembro e da Assembleia Geral anual da ONU na segunda-feira, para chamar a atenção internacional para Papua.

Wenda, que vive há anos no exílio na Grã-Bretanha, é conhecido como líder do Movimento de Libertação Unida da Papua Ocidental, uma ala política do Movimento da Papua Livre no exílio.

Sebby Sambom, porta-voz do Exército de Libertação Nacional da Papua Ocidental, a ala militar do Movimento Papua Livre, negou as acusações indonésias de que tenha estado envolvido nos violentos protestos.

“Não tomamos posição nos protestos deste povo contra o racismo contra os papuanos indígenas”, afirmou em comunicado. “Isso é puramente uma ação realizada por toda a sociedade”.

Durante a conferência de imprensa de terça-feira, o ministro coordenador de política, lei e segurança da Indonésia referiu que grupos separatistas estavam a tentar fomentar conflitos, expondo um erro cometido pelas forças de segurança que não representa a maioria das atitudes ou comportamentos da Indonésia.

Os conflitos entre papuas indígenas e forças de segurança indonésias são comuns na região de Papua, rica em minerais, mas empobrecida, uma ex-colónia holandesa situada na parte ocidental da Nova Guiné que é étnica e culturalmente distinta de grande parte da Indonésia.

A região foi incorporada à Indonésia em 1969, depois de uma votação patrocinada pela ONU que foi amplamente vista como uma farsa.

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