Iraquianos submetidos ao Estado Islâmico deconfiam dos seus libertadores

Enquanto os militares iraquianos e seus aliados retomam lentamente as cidades ocupadas pelo Estado Islâmico nas áreas dominadas pelos sunitas do Iraque, a maioria dos sunitas iraquianos receiam e desconfiam das forças que estão a “libertá-los”, referiu o Washington Post.

Recentes sondagens nacionais e sub-nacionais realizadas pela IIACSS, concluíram que os sunitas e xiitas iraquianos veem a segurança no seu país de diferentes prismas..

Dados de fevereiro de 2016 mostram que os árabes sunitas receiam as forças que pretendem libertá-los do Estado Islâmico. Em Mosul, onde começou uma ofensiva para a libertação da segunda maior cidade iraquiana sob controlo do Estado Islâmico, 74% dos sunistas inquiridos disse não quererem ser libertados pelo exército iraquiano.

Mas a desconfiança do exército iraquiano é superada pela desconfiança das milícias xiitas e dos Peshmerga curdos. Dos 120 entrevistados sunitas em Mosul, 100 por cento não quer ser libertado por milícias xiitas ou pelos curdos.

No entanto, esta atitude não significa que os sunitas apoiem o Estado Islâmico. Na verdade, uma maioria esmagadora dos sunitas iraquianos opõe-se ao Estado Islâmico. Uma sondagem realizada em janeiro de 2016 mostrou que 99 por cento dos xiitas e 95 por cento dos sunitas do Iraque opõe-se ao Estado Islâmico.

O que pesa nesta situação é a identidade coletiva dos sunitas iraquianos e a noção de que a sua comunidade não será tratada de forma justa pelo governo iraquiano dominado pelos xiitas e seus aliados.

As milícias xiitas são vistas com maior desconfiança, do que o governo do Iraque por sunitas iraquianos árabes. Impera o receio que os xiitas procedam a vinganças sobre os civis locais, e que permitam a influência iraniana na área.

A principal preocupação sunita, com o Peshmerga Curdo, é de que os curdos não devolvam a terra que reconquistaram ao Estado Islâmico para o governo iraquiano, e que os Peshmarga abusem dos árabes.

O governo dominado pelos xiitas e o exército do Iraque é visto com desconfiança profunda por muitos iraquianos sunitas devido à brutal repressão do governo aos protestos sunitas contra a marginalização política sunita e abuso de confiança em 2013.

A confiança dos sunitas nos xiitas não tem recuperado e permanece em queda, devido ao importante papel desempenhado pela milícia xiita na batalha para reconquistar os territórios da maioria sunita ocupados pelo Estado Islâmico.

As milícias – que são em grande parte financiadas, equipadas e aconselhadas por agentes iranianos – são importante instrumento para o Irão exercer influência sobre o que acontece no Iraque. Por esse motivo o Irão tem pressionado o governo iraquiano para permitir que as milícias xiitas desempenhem um grande papel na campanha militar contra o Estado islâmico.

Recentemente, as milícias xiitas exigiram, e foram autorizadas, para participarem na libertação planeada de Mosul. Apesar de inicialmente o governo iraquiano pretender excluí-las, devido ao medo e desconfiança que geraram entre os moradores e sunitas de Mosul em todo o Iraque, a participação da milícia xiita para a libertação de Mosul foi incontornável para além de ter sido também apoiada pelo governo dos EUA, que reconheceu as milícias como parte da solução para derrotar o Estado Islâmico no Iraque.

 

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