A Rússia, a China e o Irão apelaram nesta quarta-feira, 20 de outubro, à cooperação com o novo Governo talibã no Afeganistão. O objetivo é garantir a “estabilidade” da região.
Representantes de dez países da região reuniram-se em Moscovo, capital russa, para conversarem com uma delegação dos talibãs. Foi pedido à delegação que aplicasse “políticas moderadas” a nível de política interna e externa, de acordo com uma declaração comum divulgada após o encontro.
Trataram-se das primeiras conversações internacionais dos talibãs desde que tomaram o poder, a 15 de agosto. O encontro contou com a presença de representantes da Rússia, China, Irão, Paquistão, Índia e das cinco ex-repúblicas soviéticas da Ásia Central.
Os países participantes exortaram os novos líderes de Cabul a adotar “políticas amigáveis face aos vizinhos do Afeganistão, atingir os objetivos comuns de uma paz duradoura, da segurança e prosperidade a longo prazo”. Pediram igualmente que fossem respeitados “os direitos dos grupos étnicos, das mulheres e das crianças”.
Os dez países apelaram igualmente a uma “iniciativa coletiva” para organizar com as Nações Unidas uma conferência de doadores para o Afeganistão. Isto porque consideram que o “fardo” da reconstrução económica e do desenvolvimento do Afeganistão deverá ser assumido “pelos atores [do conflito] que estiveram no país nos últimos 20 anos”, referindo-se assim às forças norte-americanas e à Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN/NATO).
Rússia reconhece esforços dos talibãs para estabilizarem o Afeganistão
O ministro russo dos Negócios Estrangeiros, Sergei Lavrov, declarou nesta quarta-feira que a Rússia reconhece os “esforços” dos talibãs na estabilização do Afeganistão, numa altura em que os riscos do “terrorismo” no país ameaçam toda a região.
“Nós reconhecemos os esforços levados a cabo para a estabilização e a situação política e militar”, afirmou durante o primeiro encontro internacional, em Moscovo, com o novo poder afegão.
Segundo Lavrov, há atualmente riscos de “atividades terroristas e de tráfico de droga transbordarem do território para os países vizinhos”.