Decorrem esta sexta-feira as eleições legislativas na Irlanda. Mais de três milhões de eleitores, cansados de austeridade escolhem hoje um novo governo. Segundo os analistas, o povo irlandês está inclinado para dar a vitória ao partido de centro-direita no poder, Fine Gael, mas sem maioria para formar governo.
Estas legislativas são as primeiras eleições gerais na Irlanda desde o fim do programa de ajustamento associado ao resgate de 85 mil milhões de euros, em 2013, e realizam-se quando o país registou uma taxa de crescimento económico de 7%, a maior na União Europeia nos primeiros nove meses do ano passado.
De acordo com as sondagens, o partido de poder na Irlanda, o Fine Gael de Enda Kenny, deverá sair vitorioso destas eleições, mas sem garantia de que se consiga manter a maioria governativa que liderou os destinos da Irlanda nos últimos cinco anos. Os trabalhistas, minoritários na atual coligação de governo, estão em queda nas intenções de voto e o partido de esquerda, Sinn Féin, aproxima-se do lugar de terceira maior força política, atrás do Fianna Fáil (derrotado em 2011). A confirmar-se a vitória sem nova maioria, caberá a Enda Kenny procurar uma nova coligação ou ver-se afastado do poder, como aconteceu em Portugal e Espanha.
De acordo com o Banco Central Irlandês, uma “recuperação convincente” está a caminho e a instituição prevê um crescimento de 5% para 2016. No entanto, tanto para os candidatos como para os eleitores a questão que se põe é se essa chamada recuperação vai ser distribuída com justiça por toda a gente.
A coligação no poder, alega que deve ser reeleita com base no aparente sucesso económico dos últimos cinco anos e pede a oportunidade para “continuar a recuperação”.
Mas segundo os analistas, esta sexta-feira, os eleitores desiludidos, vão virar-se para os independentes, os pequenos partidos e os movimentos antiausteridade – como a Anti Austerity Alliance (Aliança Anti Austeridade, AAA) e o People Before Profit (Pessoas à Frente do Lucro, PBP) -, dificultando a formação de uma coligação.
Recorde-se que desde o início da crise da dívida, houve 18 eleições na zona euro e só três governos que tiveram o poder nestes anos conseguiram renovar o mandato: na Alemanha, na Áustria e na Grécia, com a reeleição de Alexis Tsipras em setembro.