De acordo com um inquérito parlamentar, a Europa não está à “altura” na luta contra o jihadismo. Após cinco meses de investigação, a Comissão propôs esta terça-feira 40 medidas para resolver as vulnerabilidades específicas da Inteligência francesa e europeia, incluindo a criação em França de uma agência nacional, inspirada no modelo americano, para combater o terrorismo.
“Nós não estamos à altura daqueles que nos atacam hoje em dia”, disse em conferência de imprensa Georges Fenech, presidente do partido Os Republicanos da comissão de inquérito.
Se o “alvo” Bataclan dificilmente poderia ter sido antecipado pelos Serviços, apesar de uma anterior ameaça contra este estabelecimento em 2009, os autores do 13 de novembro de 2015 poderiam ter sido presos, o acompanhamento destes casos é justificado por deficiências nos serviços de informações franceses e europeus, segundo as conclusões da comissão.
Após o fracasso da perseguição a Amimour Samy, um dos atacantes da sala de concertos em Paris, que partiu para Síria, apesar de ter sido colocado sob controlo judiciário (CJ) em França, após uma tentativa de fuga abortada para o Iémene, o Comité sugere o fortalecimento das medidas de CJ em casos de terrorismo.
O Conselho recomenda também a criação de uma nova chefia da Inteligência territorial, “para tratar o baixo e médio espectro da radicalização” assim como a “aceleração” da implementação de um gabinete de informações em meio prisional.
O documento sugere ainda a criação de uma agência contra terrorismo nacional em França dependente do primeiro-ministro ou do presidente, apoiada por um banco de dados comum para todos os serviços de segurança e informações.
“Queremos uma agência (…) que analise as ameaças, e estabeleça uma estratégia operacional real contra-terrorista”, disse terça-feira Fenech.
A nível europeu, os eurodeputados deverão melhorar o arquivo de informação de Schengen, SIS 2, que permita especificar o potencial de ameaça terrorista de cada indivíduo monitorizado.
O inquérito também lamenta a falta de cooperação bilateral eficaz entre alguns países europeus.
Abdelhamid Abaaoud, que se acredita ter sido o líder operacional dos ataques de 13 de Novembro em Paris, poderia ter sido preso, se a Grécia, onde ele foi localizado em Janeiro de 2015, não tivesse sido informada no último momento pelos belgas após o desmantelamento das células de Verviers, referiu Georges Fenech que atribui também a responsabilidade a uma deficiente atualização da base SIS 2.
A 13 de novembro, no ataque ao Bataclan, os militares não receberam ordens para intervir e recusaram-se a entregar as suas armas de assalto à polícia, pois um militar não se deve desfazer da sua arma, precisou Fenech.
A comissão, muito crítica relativamente ao sucedido, recomenda a supressão gradual do sistema e força anti-terrorista francês Sentinela, que considerada como ineficaz, seguido pelo recrutamento de 2.000 agentes da polícia e de segurança para reforçar o plano Vigipirate (sistema nacional de alerta e reação contra a ameaça terrorista em França).