Mais de dois mil congressistas vão participar de 13 a 17 de Janeiro no XVI Congresso da Frente Polisário que assume o nome de Mohamed Khaddad e terá como lema “Escalar a luta para expulsar a ocupação e alcançar a completa soberania”.
Durante o Congresso os participantes deverão renovar o mandato de Brahim Gali como secretário-geral da Frente Polisário e, por inerência, chefe de Estado da República Árabe Sarauí Democrática (RASD). Será eleito também o Conselho de Ministros bem como os 50 membros do Secretariado Nacional, órgão máximo do poder político da Frente Polisário (FP).
Denominando o XVI Congresso Mohamed Khaddad, destacado chefe da diplomacia da RASD e membro do Secretariado Nacional da FP, que faleceu a 1 de Abril de 2020, e com o lema “Escalar a luta para expulsar a ocupação e alcançar a completa soberania”, a Frente Polisário revela os principais pilares que vão determinar a sua estratégia após o Congresso, com o incremento da luta armada e levantamentos nos territórios ocupados do Sara Ocidental, reforçada por um aumento da ofensiva diplomática.
Precisamente o aparelho diplomático da FP/RASD deverá sofrer profundas mudanças com um reforço de uma nova geração de diplomatas sarauís, e uma redefinição estratégica particularmente centrada na América Latina e Europa. Nesta reforma, as atenções estão viradas para a figura que irá substituir Oubi Bachir, como encarregado da Europa e União Europeia, o qual renunciou ao cargo a 14 Dezembro 2022, alegando “discrepâncias profundas” com o Secretário-geral da FP sobre a “visão e os métodos”, tal como justificou na ocasião Oubi Bachir através da rede social Twitter.
A violação do cessar-fogo por Marrocos em 2020 e a recente aliança israelo-marroquina, sob os auspícios dos Estados Unidos, em que no leque da cooperação a componente militar ocupa um espaço de relevo, aumentou o nível da ameaça e perspectiva um aumento da intensidade do conflito que a Frente Polisário já antecipou e por esse motivo vinca “Escalar a luta” no lema deste Congresso. Um lema que é também uma resposta à juventude sarauí nos acampamentos de refugiados, cada vez mais impaciente e apologista de uma solução militar face ao eterno impasse da solução proposta pela ONU.
A instabilidade crescente da região saeliana e o deteriorar do ambiente securitário e político na sub-região, são elementos que justificam também o reforço do binómio da componente armada com a ofensiva diplomática da FP, que não está indiferente nova bipolarização das relações internacionais resultante da guerra na Ucrânia, que não poupa o continente africano.
O XVI Congresso da Frente Polisário vai decorrer no acampamento de refugiados sarauí de Dakhla, reunirá mais de 2.000 congressistas e contará com a presença de cerca de 300 convidados internacionais.
RN