As mulheres da Arábia Saudita já podem conduzir. O levantamento da proibição, uma reforma levada a cabo pelo príncipe herdeiro, Mohammad bin Salman, aconteceu ontem, domingo, numa mudança histórica e de consequências profundas num dos países mais conservadores do Mundo.
A medida insere-se na política de modernização e abertura introduzida pelo príncipe herdeiro, juntamente com a reabertura dos cinemas e a permissão para a realização de concertos.
Apesar destas reformas, as mulheres sauditas ainda estão obrigadas a vestir em público abayas (uma espécie de bata que cobre as roupas), complementadas não por força da lei mas dos costumes de hijab (véu que cobre a cabeça) e de niqab (cobre o rosto, com abertura nos olhos). Cada mulher tem um guardião (wali) que tem de dar permissão para que possa casar-se, viajar ou abrir uma conta bancária. Perante a justiça, o testemunho de uma mulher vale metade do que o de um homem. Em caso de divórcio, as mães só podem ficar com as crianças até aos sete anos, se forem do sexo masculino, ou nove, se forem meninas. Também está ainda vedado às mulheres sauditas o relacionamento com homens fora do circulo familiar.
O secretário-geral da ONU, António Guterres, congratulou-se com a medida, declarando através de um comunicado do seu porta-voz, Stéphane Dujarric. “O secretário-geral deseja prestar tributo às mulheres da Arábia Saudita pelos seus esforços para alcançar esta importante conquista legal, que contribuirá para a sua mobilidade económica e social e para o desenvolvimento do país”, é acrescentado.
António Guterres “espera que a Arábia Saudita continue a sua viagem em direção à igualdade fundamental para a mulher e para as meninas”, refere o comunicado.