O e-Global entrevistou o Embaixador da Palestina em Portugal, Nabil Abuznaid, para saber mais pormenores acerca do conflito que está a decorrer na Faixa de Gaza.
e-Global: Como a Embaixada da Palestina em Lisboa analisa o conflito que decorre em Israel, na sequência do ataque do Hamas no sábado (07 de outubro)?
Nabil Abuznaid: O povo palestiniano tem sofrido nos últimos 75 anos, devido à criação de Israel na sua terra, a Palestina, em 1948. Também já passaram 56 anos desde a ocupação israelita da Cisjordânia e de Gaza.
“(…) a única solução possível para acabar com isto é a solução de dois Estados (…)”
Este conflito, como muitos outros conflitos no mundo, tem de acabar. E a única solução possível para acabar com isto é a solução de dois Estados: um Estado palestiniano ao lado do Estado israelita.
O que está a Embaixada da Palestina em Portugal a fazer durante esta situação? Que funções desempenha, relacionadas com o que está a acontecer?
Os funcionários da Embaixada estão perturbados com o nível de violência que está a ocorrer na Palestina, e também com o facto de Israel ser liderado por um Governo de direita, que não acredita na existência dos palestinianos, impedindo as pessoas de adorarem, tanto Cristãos como Muçulmanos, e violando os palestinianos e o direito internacional diariamente. Tornando a vida não só difícil para os palestinianos, mas também impossível.
Todas essas práticas levaram a esta violência. A Embaixada está a tentar o seu melhor para contar a história verdadeira ao público português e incentivá-lo a usar a sua influência para exigir o fim desta guerra e ajudar na resolução do conflito.
Tem conhecimento de cidadãos palestinianos que possam estar a fugir da região em busca de refúgio em Portugal ou em outros países, devido ao agravamento das tensões?
Infelizmente, a população de Gaza não pode fugir para lado nenhum porque as fronteiras estão fechadas. Até a passagem para Gaza através de Rafah foi destruída pelos ataques aéreos israelitas, e parece que não há hipótese de alguém sair ou de qualquer alimento ou material médico entrar em Gaza.
O que pensa sobre o Hamas?
O Hamas é um partido palestiniano. Mas nós temos abordagens diferentes para resolver este conflito.
“O Hamas escolheu uma maneira diferente de abordar a luta palestiniana pela libertação.”
Nós assinámos um acordo com Israel em Oslo, em 1993, para resolver as questões através de negociações. Embora não tenhamos conseguido obter quaisquer concessões da retirada israelita dos territórios palestinianos ocupados, ainda tentamos usar meios de não-violência para alcançar os nossos objetivos de sermos livres, vivendo no nosso próprio estado independente da Palestina.
O Hamas escolheu uma maneira diferente de abordar a luta palestiniana pela libertação.
Qual a sua opinião sobre as ações de Israel em resposta ao ataque do Hamas?
O Governo israelita está a liderar uma guerra em Gaza, violando todas as leis internacionais sobre os direitos humanos, ao cortar o apoio à eletricidade, aos medicamentos e à água. Usando esta forma brutal de atacar civis, cometendo um crime de guerra e uma guerra contra a humanidade.
“Exigimos que seja aberta uma passagem segura para as necessidades básicas da população (…)”
Exigimos que seja aberta uma passagem segura para as necessidades básicas da população, bem como a abertura da fronteira em Rafah, para que os casos médicos graves possam ser transferidos para o Egipto.
O que a Embaixada sente ao ver as imagens violentas do conflito?
Os funcionários da Embaixada lamentam a morte de civis e acreditam que esta guerra deve acabar. Onde as pessoas possam viver seguras e protegidas, obter os seus direitos humanos básicos e ser protegidas pelo direito internacional.
Cátia Tocha
One Comment
Entrevista muito boa. Bom trabalho em entrevistar os dois lados.