Para celebrarem o vigésimo sétimo aniversário da fatwa (decreto religioso) que apela ao assassinato de Salman Rushdie os órgãos de comunicação social controlados pelo estado iraniano acrescentaram 600 mil dólares (543 mil euros) à recompensa que será entregue ao assassino do escritor britânico.
Em 1989, poucos meses antes da sua morte, o líder da revolução iraniana, aiatola Ruhollah Khomeini, apelou a “todos bons muçulmanos” a assassinarem Salman Rushdie, autor do livro Versículos Satânicos considerado blasfematório pelos clérigos iranianos, publicado em 1988.
Na sequência da fatwa de Khomeini, um organismo religioso iraniano ofereceu a recompensa de 2,7 milhões de dólares a qualquer pessoa que mate Salman Rushdie.
Em 1998 com a eleição do presidente Mohammad Khatami, apontado como um reformador, foi declarado que a “perseguição” contra Rushdie tinha terminado. Uma decisão que não agradou aos conservadores que lembraram que a referida fatwa não podia ser anulada. Deste modo Khatami foi contrariado pelo sucessor de Khomeini, o aiatola Ali Khamenei, e em 2012 a recompensa pelo assassinato de Salman Rushdie passa para 3,3 milhões de dólares, estando hoje a 3,9 milhões de dólares.
Para além da intenção de assassinar o autor dos blasfematórios Versículos Satânicos, os clérigos conservadores xiitas iranianos servem-se desta fatwa para imporem a sua autoridade quando o Irão começa a retomar as relações com o Ocidente.
Os aiatolas conservadores receiam que os acordos assinados com os Estados Unidos sobre o nuclear iraniano, o levantamento das sanções internacionais e a aproximação ao Ocidente promovida pelo presidente Hassan Rohani, transformem-se em ameaças aos valores da Revolução Iraniana.