Na segunda-feira, as Nações Unidas pediram aos países-membros da organização que preenchessem uma grave lacuna de financiamento criada pela administração Trump, que reduziu drasticamente a contribuição dos EUA para um programa que ajuda aos refugiados palestinianos em todo o Oriente Médio.
A ONU realizou uma conferência para arrecadar dinheiro para serviços básicos – de assistência alimentar, assistência médica e saneamento – para 5 milhões de refugiados na Faixa de Gaza, na Cisjordânia, na Jordânia, no Líbano e na Síria.
Depois da sessão, as Nações Unidas ainda estavam a calcular quanto foi prometido pelos países para cobrir o déficit 250 milhões de dólares deste ano, que enfrenta a Agência de Ajuda e Trabalho dos Refugiados Palestinos da ONU (UNRWA), que lidera os esforços de socorro.
A ONU lembrou que os Estados Unidos, principal doador do programa, doaram 364 milhões de dólares à agência no ano passado, mas apenas 60 milhões este ano. Pierre Krahenbuhl, diretor da agência, disse que o corte está a colocar em risco serviços básicos como assistência alimentar em Gaza e clínicas médicas espalhadas entre as cinco áreas, enquanto cerca de 500 mil crianças podem não conseguir iniciar o ano letivo.
“A situação dos palestinianos é definida por uma grande ansiedade e incerteza, principalmente porque os refugiados palestinianos não vêm uma solução para a sua situação no horizonte”, disse Krahenbuhl numa entrevista antes da conferência.
Em Gaza, quase 2 milhões de homens, mulheres e crianças já estão a enfrentar uma escassez extrema de água e eletricidade, num clima de tensões que se agravaram entre os palestinianos e Israel desde que o presidente Donald Trump abriu uma embaixada americana em Jerusalém.
Em janeiro os EUA anunciaram que suspendiam 65 milhões de doláres de uma parcela prevista ser de 125 milhões para a agência de ajuda humanitária. Na época, Trump twittou que não via razão para gastar tanto dinheiro americano em troca do que ele chamou de “falta de apreço ou respeito” dos palestinianos.
O porta-voz da agência, Christopher Gunness, disse que na realidade o corte foi de 300 milhões de dólares, porque os EUA levaram a agência a acreditar que daria 365 milhões em 2018. O governo dos EUA libertou 60 milhões de dólares em janeiro para que a UNRWA pague a professores e profissionais de saúde e mantenha escolas e serviços médicos abertos em Gaza e na Cisjordânia, mas deixou claro que as doações dos EUA dependeriam de grandes reformas.
A agência foi criada após a guerra que se seguiu ao nascimento de Israel em 1948, que levou à expulsão ou fuga de cerca de 700.000 que viviam no território ocupado.
A UNRWA enfrenta agora a sua pior crise em quase sete décadas, disse Krahenbuhl.