A Arábia Saudita anunciou que vai integrar no terreno a coligação internacional que combate atualmente na Síria. Este anúncio do envolvimento direto de tropas sauditas no terreno junta-se a indícios consistentes de que a Turquia também está a ponderar entrar diretamente no conflito.
Segundo fonte militar iraniana, citada através do al-Monitor, o envolvimento da Arábia Saudita e, eventualmente, da Turquia visa apoiar os rebeldes da cidade de Allepo que estão sob intensa pressão das forças do regime de Assad e do Hezbollah. A possibilidade de Allepo retornar às mãos da coligação allawita/shiita significa muito provavelmente o fim da rebelião, razão pela qual a coligação sunita prepara-se para um apoio direto aos rebeldes de Allepo, a maior cidade síria e o mais importante entreposto comercial do país.
Os esforços dos rebeldes sírios apoiados pelas potências sunitas do Golfo para desalojar o regime de Bashar al Assad têm vindo a sofrer sérios reveses desde que em Setembro do ano passado a Rússia iniciou os ataques aéreos destinados a conter os avanços dos rebeldes e a dar novo fôlego às forças do regime muito depauperadas por cinco anos consecutivos de conflito.
Este destino provável da oposição síria em consequência do envolvimento da Rússia e do Irão no conflito é inaceitável para Ryad e Ankara e o anúncio do seu envolvimento direto marca o início de uma nova etapa no conflito. A chegada de tropas da Arábia Saudita, dos Emiratos Árabes Unidos e do Bahrein que se vão juntar à coligação internacional liderada pelos EUA abre todo um novo capítulo na medida em que estas forças se vão posicionar, na prática, contra as tropas russas e as milícias do Hezbollah, apoiadas pelo Irão.
Deste modo, pela primeira vez, o conflito entre as potências regionais com recurso a proxys poderá transformar-se num conflito direto em que, além do mais, um dos intervenientes é membro da NATO (Turquia).
As últimas declarações ao Handelsblatt, ontem, quinta-feira, do primeiro-ministro russo, Dmitry Medvedev, vão justamente neste sentido: “a entrada de tropas sauditas na guerra síria poderá desencadear uma nova e permanente guerra mundial, disse.