António Costa considera “repugnante” e contrária ao espírito da UE declaração do ministro das Finanças holandês

O primeiro ministro português qualificou as declarações do ministro das Finanças holandês como “repugnante” e contrária ao espírito da UE, no final de uma reunião dos líderes dos países da União Europeia (UE).
O ministro das Finanças holandês, Wopke Hoekstra, afirmou, numa videoconferência com homólogos dos 27, que a Comissão Europeia devia investigar países, como Espanha, que afirmam não ter margem orçamental para lidar com os efeitos da crise provocada pelo novo coronavírus, apesar de a zona euro estar a crescer há sete anos consecutivos.
“Esse discurso é repugnante no quadro da União Europeia e a expressão é mesmo esta: repugnante”, disse o primeiro-ministro em conferência de imprensa na noite de quinta-feira. “Ninguém está disponível para voltar a ouvir ministros das Finanças holandeses como aqueles que já ouvimos em 2008, 2009, 2010 e anos consecutivos”, recordando declarações de Jeroen Dijsselbloem, então presidente do Eurogrupo, quando acusou os europeus do sul da Europa de gastarem o seu dinheiro “em copos e mulheres” e “depois pedirem que os ajudem”.
Na opinião de António Costa, a afirmação do ministro holandês “é uma absoluta inconsciência” e uma “mesquinhez recorrente” que “mina completamente aquilo que é o espírito da UE e que é uma ameaça ao futuro da UE“.
“Se a União Europeia [UE] quer sobreviver é inaceitável que qualquer responsável político, seja de que país for, possa dar uma resposta dessa natureza perante uma pandemia como aquela que estamos a viver“, declarou Costa.
“Se não nos respeitamos uns aos outros e se não compreendemos que, perante um desafio comum, temos de ter capacidade de responder em comum, então ninguém percebeu nada do que é a União Europeia“, frisou.