O Fundo Monetário Internacional (FMI) considera que Portugal continua “vulnerável a uma série de choques e à deterioração das condições de financiamento”, apontando para as fragilidades do país: dívida pública, setor bancário e menos ajuda do BCE.
A instituição prevê que a economia portuguesa cresça 1,3% em 2017, abaixo dos 1,5% esperados pelo Governo, e que abrande nos anos seguintes até 1% em 2021, resultado dos constrangimentos estruturais da economia, do elevado endividamento das empresas e consequentes problemas para os bancos com o crédito malparado que têm nos seus balanços.
De acordo com o Fundo “a gradual deterioração das condições de financiamento aumentam o risco na capacidade de Portugal para pagar ao Fundo a médio prazo”. Embora conte com “uma capacidade adequada de Portugal para pagar”, o fundo monetário também avisa que “um ambiente de financiamento menos favorável aumenta a vulnerabilidade face a súbitas flutuações nas condições de mercado”.
A instituição aconselha o governo a encontrar uma solução “abrangente” para as dívidas das empresas que têm problema de pagamento e avisa que o estado português não tem margem orçamental para financiar um “banco mau”, defendendo que a solução terá de passar por desvalorizações ou reestruturações dos ativos problemáticos.
O FMI destaca a evolução positiva do país no segundo semestre de 2016, suportada por “um forte crescimento do consumo privado”, mas também por exportações mais fortes, que “refletem em parte a forte época turística” no terceiro trimestre do ano.
Nas previsões da instituição o crescimento deverá estacionar em 1,3% este ano e descer para 1,2% no ano seguinte. O que contrasta com o maior otimismo de Bruxelas: 1,6% este ano e 1,5% no ano seguinte. O défice orçamental deverá reduzir-se para -2,1% do PIB em 2017 e voltar a subir para -2,3% no ano seguinte. Os técnicos do Fundo apontam para um nível de -2,3% ainda em 2021, no ano final das atuais projeções. As previsões da CE referem -2% em 2017 e -2,2% no ano seguinte. Apesar das décimas de divergência, quer o FMI quer a CE apontam para uma subida do défice em 2018, depois de um pico de correção este ano. Recorde-se que, nas metas do governo, situa-se um défice em 2017 francamente abaixo de 2%.