O Bispo de Santarém mostrou-se “impressionado” pelos dados revelados pela Fundação AIS no mais recente Relatório sobre a Liberdade Religiosa no Mundo, documento que foi apresentado ontem, em Tomar, na Igreja de São João Baptista, perante dezenas de pessoas. O prelado destacou o facto de os cristãos serem a comunidade religiosa mais perseguida e sublinhou a urgência da solidariedade para com os que mais sofrem. “Não podemos ser egoístas, não podemos ser indiferentes…”
Dezenas de pessoas assistiram ontem ao princípio da noite à apresentação do Relatório da Fundação AIS sobre a Liberdade Religiosa no Mundo, na belíssima Igreja de São João Baptista, na cidade de Tomar.
A sessão contou com a presença do Bispo de Santarém que sublinhou, numa breve declaração, a importância do documento, a informação que presta sobre “este direito fundamental do ser humano”, mas também sobre o trabalho, a missão da Ajuda à Igreja que Sofre junto das comunidades cristãs mais perseguidas e em maior sofrimento em todo o mundo.
O Relatório foi apresentado nos seus pontos essenciais por Catarina Martins de Bettencourt que incentivou os presentes a “uma leitura mais atenta” do documento, o que pode ser feito, gratuitamente, explicou a directora do secretariado português da Fundação AIS, na página da instituição na Internet.
Antes do início da sessão, e numa entrevista à Fundação AIS e à Rádio e TV Cidade de Tomar – que transmitiu o evento em direto –, D. José Traquina falou longamente sobre o Relatório, o que ele mostra e a solidariedade que deve prestar-se a todos os são vítimas de perseguição por causa da sua fé.
PERSEGUIÇÃO RELIGIOSA “É INCONCEBÍVEL”
O Bispo de Santarém confessou ter ficado “impressionado” com a leitura do Relatório da Fundação AIS, e disse mesmo que “num país, Portugal, e num continente, Europa, onde a liberdade religiosa está assegurada, nós não damos conta do que é a perseguição, [do facto de] as pessoas, apenas por quererem manifestar-se, ou rezar em público, serem perseguidas”. “Isso é impressionante, é inconcebível”, acrescentou.
Para D. José Traquina, a liberdade religiosa é um “direito fundamental que, não sendo respeitado, [significa] que os outros direitos também não o são, e isso é muito preocupante”. “Cerca de metade da população do mundo não tem essa dimensão garantida” em pleno século XXI, constata D. José Traquina.
O Bispo de Santarém salientou também, por diversas vezes, a importância do trabalho da Fundação AIS não só pela informação que publica sobre a temática da liberdade religiosa e da perseguição aos cristãos, mas também pela sua missão de solidariedade precisamente para com as comunidades em maior sofrimento, vítimas de intolerância, de violência. “O papel da Fundação AIS é um alerta muito importante. É um alerta enorme e com grande significado para a nossa consciência, para a nossa tomada de consciência dessa realidade, e depois saber que a Fundação não faz só essa informação, mas também recolhe apoios para colaborar com muitos cristãos perseguidos no mundo… isso é notável.”
“NÃO PODEMOS SER EGOÍSTAS”
A propósito disso, o Bispo de Santarém lembrou “as dificuldades por que passam muitos bispos, muitos missionários, em zonas perseguidas, onde há igrejas destruídas, em estruturas que são massacradas por serem cristãos” e salientou o papel da Fundação AIS de ajuda a essas comunidades religiosas. “É a desgraça mas também que também é graça, é a resposta da solidariedade dos cristãos que a Fundação desenvolve, e bem. É bom que se saiba isso e quem colabora gosta de saber que esse bem é realizado”, acrescentou. Por fim, o prelado lembrou que, se em Portugal há um bom relacionamento entre a Igreja e o Estado, é necessário olhar-se para o mundo e compreender que noutros países, noutras realidades, existem muitas pessoas que sofrem apenas por causa da sua fé e isso, diz, obriga a agir. “Não podemos ser egoístas. Não podemos ser indiferentes à realidade humana no mundo, não podemos ser indiferentes ao que se passa no mundo. E se é possível fazer alguma ajuda indireta, faz-se… Aí entra a Fundação. Mas de facto, a informação é importante para se saber como é. É mesmo muito importante. E para se conhecer a realidade deste mundo.”
Mesmo a finalizar – o evento foi transmitido em direto no canal da Paróquia de Tomar –, o Bispo de Santarém referiu a Nicarágua como exemplo de um país onde se verifica o atropelo à liberdade religiosa, onde os cristãos são perseguidos. “O que se passa na Nicarágua, neste momento, é uma coisa que supera tudo. E isto para não falar em muitos países de África ou da Ásia, como o Relatório mostra. Mas é de facto muito preocupante que não sejam respeitadas pessoas que não têm armas. Os Cristãos, não têm armas. Assumiram-se como pessoas pacíficas, a sua arma é a oração, a sua fé. Como não têm armas para se defender, são violentados por isso. É terrível…”
Paulo Aido – Fundação AIS