António Costa defende que a presença de Portugal na RCA deve continuar e avisa que a retirada das forças de paz multinacionais deixaria o país exposto.
No final da vista do Primeiro-Ministro aos militares portugueses na RCA, em declarações à agência Lusa e depois de interrogado sobre a influência da Rússia neste país, designadamente através da presença de mercenários do grupo Wagner nas ações de segurança do regime de Bangui, afirmou que era necessário perceber as circunstâncias em que esse mesmo grupo foi contratado pela RCA. Reforça ainda que “a pior coisa que poderíamos fazer era agravar essas condições. O esforço que está a ser feito por Portugal e outros países, como o Ruanda, é precisamente no sentido de tornar desnecessária a presença da Wagner no território da RCA”
António Costa lembrou que a missão na RCA foi renovada até ao final do ano no âmbito dos compromissos de Portugal com as Nações Unidas e disse que a sua viagem a Bangui “visou precisamente avaliar as condições políticas para a manutenção desta operação”.
“E também no quadro da União Europeia importa decidir se deve ou não ser reanimada a missão de formação que é comandada por Portugal. Dos contactos que tive a oportunidade de manter com o Presidente da RCA, Faustin-Archange Touadéra, confirmei mais uma vez uma grande vontade do seu país no sentido de que Portugal continue a participar nesta missão. Têm um grande apreço pela forma como as Forças Armadas portuguesas desempenham a sua missão”, realçou.
Em defesa da sua posição contra o fim das missões multinacionais, o Primeiro-Ministro assinalou que os Estados Unidos “apresentaram um projeto no sentido de reforçar o apoio à RCA, tendo em vista que não se corra o risco de ficar sob influências que não seriam bem-vindas”.
“Por outro lado, a alta representante do secretário-geral das Nações Unidas, Valentine Sendanyoye Rugwabiza [do Ruanda] foi muito enfática sobre a necessidade de Portugal se manter, como também de reforçar a sua presença”, indicou.
António Costa refere ainda que se assiste a “um esforço conjunto de todos para que o Ruanda tenha uma presença cada vez mais forte nesta missão, quer no âmbito das Nações Unidas, quer no âmbito bilateral, o que ajudará no sentido de evitar que a Wagner possa crescer”.
“Provavelmente, até poderá retirar-se”, admitiu.
António Costa referiu depois que o Estado Português tem, basicamente, três critérios em matéria de forças nacionais destacadas, sendo o primeiro o da participação nas missões internacionais de que organização de que Portugal faz parte: as Nações Unidas, a NATO e a União Europeia.
“Na RCA, estamos simultaneamente nas missões das Nações Unidas e da União Europeia”, observou, antes de fazer uma alusão às missões nacionais no âmbito da Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP) e à cooperação de âmbito bilateral.
“Ninguém tenha dúvidas do seguinte: A estabilidade da Europa e do continente africano dependem muito da estabilização de toda a zona do Sahel. O Sahel está perto de nós e a estabilidade desta região é fundamental para o nosso futuro e para a segurança da Europa”, acrescentou António Costa