A Polícia Judiciária Portuguesa, através da Unidade Nacional de Contraterrorismo e do Gabinete de Recuperação de Ativos, em concertação com o Departamento Central de Investigação e Ação Penal (DCIAP), no âmbito de Cooperação Judiciária e Policial com as Autoridades Judiciárias Italianas, levou a cabo uma operação policial destinada ao cumprimento de vários mandados de busca domiciliária e não domiciliária, bem como ao cumprimento de mandados de detenção europeus. A ação policial em causa inseriu-se numa “grande operação internacional”, denominada “EUREKA”, que se desenrolou no continente Europeu, nomeadamente em Itália, Alemanha, Espanha, França, Bélgica, Eslovénia, Roménia, e ainda na América do Sul, em países como no Brasil e no Panamá.
A operação realizada visou o desmantelamento de uma organização criminosa, de estilo mafioso, conhecida por “Ndrangheta”, originária da cidade de San Luca, em Régio-Calábria, Itália, sendo reconhecida como a “maior organização policriminal italiana”, com ligações ao Primeiro Comando da Capital (PCC) do Brasil e responsável pelo transporte e Tráfico de grandes quantidades de cocaína para a Europa, Tráfico de armas, posse ilegal de armas, fraude e evasão fiscal, branqueamento de capitais e corrupção.
A rede criminosa, liderada por famílias poderosas da Calábria, estiveram envolvidas durante décadas em episódios de violência entre clãs, com vários confrontos armados em San Luca, que culminaram em tiroteios em massa em Itália e no estrangeiro, com particular destaque para o massacre de Duisburg, na Alemanha, em 2007.
A nível nacional, esta ação policial teve lugar em Braga, Vila Nova de Gaia, Aveiro e Lisboa, aquando da detenção de um homem, de 62 anos de idade, de nacionalidade italiana e encontra-se indiciado pela prática de crimes de associação criminosa, de branqueamento de capitais e de tráfico de estupefacientes, saldando-se na apreensão vastos elementos de prova, documentos, viaturas e dinheiro (cerca de meio milhão de euros), bem como o arresto dos ativos de nove sociedades comerciais, incluindo cinco estabelecimentos de restauração.
Globalmente, a Operação “EUREKA” resultou na detenção de 108 suspeitos ligados à organização mafiosa.
Ígor Lopes