O presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, desembarcou hoje, terça-feira, em Moscovo para encontro que terá com o presidente Vladimir Putin. A agenda tem caráter político, Bolsonaro está em busca de apoio dos governos autocratas do Leste Europeu na sua tentativa de reeleição. Por isso, além da Rússia, o presidente brasileiro irá também à Hungria. Em contrapartida, Putin planeia ter Bolsonaro como alavanca para aumentar a influência russa na América Latina.
O governo de Putin anunciou o início da retirada de parte das tropas que faziam exercícios militares próximas da fronteira com a Ucrânia, sinalizando a possibilidade de que o conflito se resolva com diálogo e não pelo uso da força.
Antes de deixar o Brasil, Bolsonaro afirmou que se pudesse diria “uma palavra de paz” ao presidente da Rússia. Mas o aconselhamento diplomático que recebeu é para que tente ao máximo evitar comentários a respeito do conflito, dizendo somente coisas superficiais caso seja instado por Putin. Para evitar parecer que o Brasil teria algum lado no litígio, na segunda-feira (14) o Itamaraty reafirmou laços com a Ucrânia. Segundo nota publicada no Twitter, o ministro das Relações Exteriores, Carlos França, conversou por telefone com o chanceler ucraniano, Dmytro Kuleba.
De acordo com o correspondente do portal UOL, na Suíça, Jamil Chade, a viagem de Bolsonaro a Moscovo poderia ter consequências negativas para o trabalho de aproximação que o Brasil tenta fazer com a Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan). Por isso, a recomendação de que Bolsonaro tente ao máximo ser neutro nas suas manifestações sobre o conflito.
De acordo com informações da ministra da Agricultura, Tereza Cristina, boa parte da pauta que Bolsonaro planeia tratar com Putin trata de assuntos do setor. Bolsonaro quer garantias de que a Rússia manterá o fornecimento de fertilizantes ao Brasil. O Brasil importa mais de 80% dos fertilizantes utilizados na sua agricultura. Outros temas ligados ao setor farão parte também da conversa.
Carlos Vasconcelos – Correspondente