Falácias de um país adolescente II (A religiosidade)

Venezuela

A Venezuela é um país muito religioso e as suas manifestações nesse sentido são vastas e notórias. Porém, existirá um verdadeiro temor a Deus? Encontra-se no espírito venezuelano um verdadeiro sentido de agradar a Deus criador e seguir os seus Mandamentos? Mais ainda, importa perguntar se encontramos no coração da elite política um verdadeiro propósito de servir?

São estas interrogações que valerá a pena escrutinar. Já que cremos que uma Nação edificada em preceitos que reconhecem o predomínio do nosso Pai Criador pode prosperar, por oposição, uma república afastada destes valores, irremediavelmente se extravia na sua própria luxúria e dai decorre o sofrimento de um povo e o seu irremediável atraso.

Esta parábola de Jesus, recolhida pelo apóstolo Lucas, mostra-nos as bases sobre as quais se deve edificar uma casa, na nossa análise, uma Nação:

“vou dizer-lhes com quem se parece todo aquele que vem a mim, e ouve as minhas palavras e as põe em prática: parece-se com um homem que, ao construir uma casa, cavou bem fundo e pôs o cimento sobre a rocha. De maneira que, quando veio uma inundação, a corrente açoitou aquela casa, mas não conseguiu sequer fazê-la tremer porque estava bem construída. Mas o que ouve as minhas palavras e não as põe em prática parece-se com um homem que construiu uma casa sobre a terra e sem cimento. Tão rápido como foi fustigada pela corrente, a casa desmoronou-se e o desastre foi terrível”

Biblia. Lucas 6:47-49. Nueva versión internacional (NVI)

Esta palavra leva-nos a uma profunda reflexão, não importando qual seja a sua fé, cristão, judeu, muçulmano, para elencar as mais populares no mundo. Vejamos alguns exemplos de nações em que os seus líderes reconhecem e põem os seus destinos nas mãos de Deus:

O presidente norte-americano, Donald Trump, declarou o Domingo 3 de Setembro como o “Dia da Oração” e, nesse ato solene, o primeiro mandatário destacou “ (…) não sei quando se fez isto pela última vez, mas foi há muito tempo. Desde o princípio, a nossa Nação uniu-se em oração em tempos de necessidade. Faço uma chamada a todos os norte-americanos e às igrejas de todo o país nos unirmos em oração… para apoiar aqueles que sofrem as consequências desta terrível tempestade (Furacão Hurley)”.

A chanceler Alemã é a mais velha dos três filhos de um Pastor protestante que morreu em Setembro de 2011. Merkel cancelou os seus compromissos de campanha na região federal de Mecklemburgo-Pomerania para poder despedir-se do seu pai. Também Angela Merkel e Joachim Sauer casaram-se em um altar protestante em 1998. Na Alemanha a religião católica e a protestante estão igualmente propagadas entre a população, que se divide em cerca de 50% praticante de um ou outro ramo do cristianismo. Segundo um estudo realizado pela empresa WIN/Gallup International, difundido pela BBC Mundo, a Alemanha é a segunda Nação mais religiosa do planeta com 93% de crentes. Itália e França, à cabeça do desenvolvimento económico, albergam cerca de 100 milhões de católicos.

O Povo Judeu é descendente dos hebreus e antigos israelitas do Levante Mediterrânico. São a fundação da tradição judaico-cristã, a sua história inicia-se com Abraão e tem o seu clímax com a libertação do povo judeu do cativeiro egípcio, liderada por Moisés, em cujos relatos assenta a Lei de Deus (Pentateuco ou Tora). A sua história de sofrimento e perseverança são exemplos de fé e na sua esfera encontram-se poderosos representantes da Banca, da Indústria, das Artes e da Ciência, através da história universal.

Definir o número de judeus no mundo é difícil devido à imensa diáspora, produtos de várias perseguições, mas estima-se um valor aproximado de 50 milhões, principalmente localizados nos Estados Unidos, França, Canadá, Argentina, Reino Unido, Rússia, entre muitos outros países.

O Islão é a segunda religião do mundo em termos de fiéis com cerca de 1.570 milhões de pessoas, cerca de 23% da Humanidade, e uma das religiões de mais rápido crescimento no mundo. O Islão é uma religião monoteísta. A palavra Islão significa “submissão a Deus” em Árabe, ainda que outra definição derivada etimologicamente seria “aplicação da paz de Deus”.

Um problema em alguns destes países reside no fundamentalismo islâmico que desafia a ordem legalmente estabelecida. Tal converteu-se em uma ameaça digna de temer. Porém, em países que assumem pacificamente a prática de fé com respeito pela dignidade das pessoas, o seu desenvolvimento é notável, tomando como exemplo o Qatar, os Emiratos Árabes Unidos ou a India.

Na Venezuela, por outro lado, a religiosidade foi-se relativizando e é contígua à superstição.

À construção sólida de valores preconizada por religiões monoteístas, com seculos de vincado estudo teológico, foram sendo acrescentados costumes primitivos que carecem de solidez ética e moral.

O autor David Placer, jornalista venezuelano, publicou um livro intitulado “Os bruxos de Chávez”, onde se narravam anedotas sobre as devoções esotéricas do presidente defunto. São descritos factos que marcaram a vida venezuelana durante o seu período de governação, que mais não é que a reedição, aumentada, de experiências similares desde a presidência de Joaquim Crespo, que tinha o seu próprio bruxo oficial instalado no palácio, para logo vir Cipriano Castro, Juan Vicente Goméz até chegar a Luis Herrea Campins com a sua “pepa de Zamuro”, um tipo de amuleto de proteção contra mau-olhado. E tudo isto por debaixo de um denominador comum, a ignorância do povo, a massa que endeusa e teme aos que crêem serem possuídos de forças sobrenaturais. O autor narra uma enlouquecida linha de factos que passaram pelas montanhas da Sorte em Yaracuy, até chegar a Babalaos aos paleros cubanos que profanam tumbas, abrem urnas e roubam ossos para os seus rituais satânicos, onde se inclui o episódio da exumação do cadáver de Simon Bolívar, numa determinada hora da madrugada, previamente marcada pelos sumos-sacerdotes africanos, como a “hora dos mortos”, chegando à ousadia de mostrar o esqueleto em cadeia nacional, tudo justificado pelo engano massivo de que se tratava de corroborar uma ridícula versão de morte por envenenamento y para reconstruir o seu rosto e desenhá-lo com feições do seu antecessor, o mulato apelidado de Maisanta, guerrilheiro dos montes barineses.

Finalmente consideramos: a. Uma república, para o seu cabal desenvolvimento necessita de uma sólida crença moral, sendo que esta estrutura providenciará Ordem e esta Ordem gerará progresso; b. Submeter a nossa vontade ao reconhecimento de um Deus criador, ante o qual somos apenas humanos com debilidades e erros, mas suscetíveis de melhorar, faz-nos humildes e afasta-nos da fatídica prepotência que nos extravia como nação e nos remete ao atraso; c. A histórica superstição venezuelana, é um estrangulamento moral e sinal de subdesenvolvimento e de caráter e uma falta total de disciplina que, carentes de vontade de sacrifício, nos lança para fascismos religiosos ajustados à nossa corrompida conveniência.

Assim, cremos firmemente que a Venezuela pode siar deste transe histórico em que se encontra, se nos rendermos à imensidade de Deus, no afastemos do “culto narcisista” do nosso próprio Poder e dediquemos a nossa Nação a um verdadeiro amor ao próximo, mas um amor exercido de maneira responsável, assumindo o custo de levar uma vida agradável, preenchida com ética e retidão.

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