Cerca de 20 mil pessoas, que ficaram em bancadas, compareceram ao evento cívico-militar na Esplanada dos Ministérios, em Brasília, capital do Brasil, no último sábado, 7 de setembro, para as comemorações dos 202 anos de Independência do país.
O presidente brasileiro, Luís Lula da Silva, chegou de Rolls-Royce e, em seguida, por volta das 9h, iniciou oficialmente o desfile. Ao lado do mandatário da república, na Tribuna de Honra, estava o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, o vice-presidente Geraldo Alckmin, o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Luís Roberto Barroso, entre outras autoridades.
Para a realização do evento, promovido pela Presidência da República, os organizadores mobilizaram cerca de nove mil pessoas. Desfilaram diante do público, dos soldados das Forças Armadas, dos atletas que foram aos Jogos Olímpicos de Paris e de alunos de escolas públicas das Forças Armadas. O público também assistiu aos voos acrobáticos da Esquadrilha da Fumaça.
A festividade de comemoração também serviu como base para expor três eixos temáticos: a reconstrução do Rio Grande do Sul após as enchentes que atingiram o Estado este ano; a realização da Cúpula do G-20 a ser realizada em novembro, no Rio de Janeiro; e o acesso da população à saúde e o incentivo à vacinação.
Agenda pelo país
Paralelamente às comemorações em Brasília, nos demais estados da federação ocorreram desfiles. No Rio de Janeiro, pela manhã, quase sete mil pessoas acompanharam o tradicional Desfile Cívico-Militar de Sete de Setembro na Avenida Presidente Vargas com a lembrança dos 80 anos “da participação brasileira na Segunda Guerra Mundial”. A Força Expedicionária Brasileira abriu o desfile e depois vieram os militares da reserva, e também os carros anfíbios da Marinha, que foram usados nas enchentes do Rio Grande do Sul.
Por volta das 10h, no centro carioca, houve manifestação do Grito dos Excluídos, reunindo vários movimentos populares, sindicatos e pastorais sociais. Todos os anos, em várias cidades do Brasil, sempre no dia 7 de setembro, o movimento manifesta-se contra todo o tipo de discriminação.
Já em São Paulo, o desfile cívico-militar de 7 de Setembro aconteceu por volta das 9h, no Sambódromo do Anhembi, na Zona Norte. O evento foi acompanhado pelo prefeito Ricardo Nunes (MDB) e pelo governador Tarcísio de Freitas (Republicanos). Após as formalidades de abertura, o coral da Legião da Boa Vontade (LBV) cantou o hino da independência. Entre civis e militares, aproximadamente nove mil pessoas participaram no desfile.
Na tarde do mesmo dia, em comemoração à Independência do Brasil, aconteceu na Avenida Paulista, por volta das 14 horas, na cidade de São Paulo, a “Manifestação 07 de Setembro de 2024” com o lema “Ninguém é maior do que o povo brasileiro e a Constituição”. O propósito clamado pela organização a todos os brasileiros foi a luta pela democracia, a liberdade de expressão e, sobretudo, o impeachment do ministro do Supremo Tribunal Federal, Alexandre de Moraes, que, nos últimos dias, proibiu a operação e os acessos à plataforma da redes social X, antigo Twitter.
Uma multidão de verde e amarelo compareceu para ouvir o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), bem como o governador do Estado de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), senadores e deputados alinhados à direita e o pastor da Assembleia de Deus Vitória em Cristo, Silas Malafaia, organizador do evento.
Silas Malafaia, que foi o penúltimo a discursar, iniciou saldando o público e perguntou: “Quem é o criminoso, Jair Messias Bolsonaro ou Alexandre de Moraes? Mais adiante, ele afirmou que Alexandre de Moraes colocou Bolsonaro no inquérito do “pseudo golpe” e aumentou o tom de voz a olhar para a multidão. “Não existe golpe sem armas! É uma farsa de Alexandre de Moraes para produzir uma perseguição política!”. Em seguida, falou a respeito da “Minuta do Golpe”, argumento com artigos constitucionais e qualificando o documento como “Fake News vagabunda para incriminar Bolsonaro”. Mais adiante, o pastor referiu-se a outras ações “imorais e ilegais” do referido ministro.
Bolsonaro foi o último a discursar, sendo apresentado como “o ex mais amado do Brasil”. O ex-presidente, no início do seu discurso, disse que elegeu-se presidente em 2018, “numa falha do sistema”, quando rememorou sobre o Inquérito 1361/2018 do Supremo Tribunal Eleitoral (TSE).
“O inquérito relâmpago, porque eles queriam me rotular de fraudador para dar posse a Fernando Haddad. Não conseguiram. Mas dentro desse inquérito está a verdade que nos liberta, essa liberdade tão temida pelo sistema. Tão logo eu me reuni com os embaixadores em meados de 2022, o então presidente do TSE, ministro Alexandre de Moraes, pegou esse inquérito, que era ostensivo, e o transformou em confidencial”, disse Bolsonaro, que, ainda durante o seu discurso, comparou a sua popularidade à do presidente Lula.
“Em qualquer lugar do Brasil em que eu vá, sou tratado muito bem. Nós podemos ver um dia um time de futebol ser campeão sem torcida, mas presidente sem povo é a primeira vez que nós estamos assistindo na história do Brasil”, afirmou.
“Falaram que eu deveria passar a faixa para aquele cara. Eu não passo a faixa para ladrão. Existem dois tipos de ladrões: o ladrão que rouba nosso dinheiro e o outro, mais perverso ainda, é o que rouba o nosso futuro e a nossa liberdade”, completou.
Bolsonaro prosseguiu recordando as inúmeras situações ocorridas contra a sua liberdade sob as decisões do TSE, em contraponto à oposição, que tudo podia, inclusive chamá-lo de “genocida”. E desabafou: “A gente não consegue entender como aquele, segundo o TSE, perdeu as eleições e arrasta multidões e outro, que ganhou as eleições e não consegue tomar um refrigerante no botequim de qualquer lugar”.
Bolsonaro, prestes a concluir o seu discurso, voltou a mencionar o atual presidente.
“Lula da Silva, todo mundo sabe o seu passado ao lado de ditaduras do mundo todo, bem como ele criou o Foro de São Paulo, em 1990, ao lado de Fidel Castro e das Farcs, as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia. Não poderia esperar outra coisa desse atual chefe de estado que está aí”, mencionou Bolsonaro durante celebração pela data nacional brasileira.
Ígor Lopes