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ONU apela à calma enquanto a Guiné-Bissau mergulha novamente na incerteza

A população de Bissau despertou esta quarta-feira sob o som de disparos, num regresso abrupto à instabilidade que marca grande parte da história política do país. Nas primeiras horas da manhã, oficiais das Forças Armadas apareceram na televisão estatal anunciando ter assumido o “controlo total do país”.

Segundo vários meios de comunicação internacionais, o Presidente cessante, Umaro Sissoco Embaló, terá sido detido pelos militares. Questionado em Nova Iorque, o porta-voz das Nações Unidas, Stéphane Dujarric, afirmou que o Secretário-Geral acompanha “com profunda preocupação” a evolução da situação.

O novo episódio insere-se num contexto regional já marcado por sucessivos golpes de Estado nos últimos cinco anos, do Mali à Guiné-Conacri e ao Burkina Faso, fragilizando o sistema de segurança da África Ocidental num momento em que a ameaça terrorista se alastra desde o Sahel até às zonas costeiras.

Dujarric adiantou ainda que António Guterres apela a todos os intervenientes para que “exerçam contenção” e respeitem o Estado de direito, sublinhando que a ONU continuará a monitorizar a situação de perto.

O golpe ocorre numa altura particularmente sensível, já que os resultados das eleições presidenciais e legislativas de 23 de novembro — marcadas por tensões, restrições impostas à oposição e alegações de manipulação — eram esperados esta semana.

Se a tomada de poder pelos militares se confirmar, o país volta a entrar num ciclo de instabilidade que remonta à independência, em meados da década de 1970. O último golpe bem-sucedido, em 2012, também ocorreu em plena disputa eleitoral e levou a dois anos de transição antes do restabelecimento da ordem constitucional. Embora eleito em 2019, Embaló liderou um período pontuado por conflitos entre forças de segurança, tensões políticas e suspeitas de interferência militar — elementos que voltam agora a ganhar força com o novo abalo institucional.

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