Os Estados Unidos deverão designar, na segunda-feira, o chamado “Cartel de los Soles” — expressão usada para descrever uma rede de altos funcionários venezuelanos acusados de envolvimento no tráfico de droga — como organização terrorista estrangeira, numa nova escalada de pressão sobre Nicolás Maduro.
A medida surge após o reforço militar norte-americano junto à costa da Venezuela e no contexto de operações contra alegados traficantes nas Caraíbas e no Pacífico, que já resultaram em mais de 80 mortes. Na semana anterior, o secretário de Estado Marco Rubio afirmou que o grupo é “responsável por violência terrorista”, sustentando as acusações de que Maduro lidera a rede.
Caracas reagiu de imediato, considerando a acusação uma “mentira ridícula” destinada a justificar uma eventual intervenção militar e acusando Washington de tentar derrubar Maduro, no poder desde 2013.
O chamado Cartel dos Sóis não corresponde a um cartel formal, mas sim a um termo usado desde os anos 1990 para descrever militares, polícias e funcionários venezuelanos envolvidos em esquemas de narcotráfico. O nome remete para os “sóis” usados nos uniformes dos oficiais de alta patente.
Em 2020, já no final do primeiro mandato de Donald Trump, os EUA tinham acusado Maduro de “narcoterrorismo” e sancionado vários dirigentes venezuelanos, alegando que o presidente era co-líder da rede desde 1999 — algo que o próprio sempre negou.
Só este ano, Washington começou a aplicar o estatuto de “grupo terrorista estrangeiro” também a organizações criminosas latino-americanas. Em julho, o Departamento do Tesouro já tinha imposto sanções ao alegado cartel venezuelano.
A designação, agora iminente, deverá aprofundar ainda mais o conflito diplomático entre os dois países.
