A primeira-ministra britânica, Theresa May, assinou ontem, terça-feira, a carta que vai ser entregue hoje a Donald Tusk, presidente do Conselho Europeu, a invocar o artigo 50.ª, ou seja, a intenção do Reino Unido deixar a União Europeia.
Nove meses após a vitória do Brexit no referendo 23 de junho, o embaixador do Reino Unido em Bruxelas vai apresentar o pedido oficial, a Donald Tusk. Enquanto isso, em Londres, Theresa May irá abordar na Câmara dos Comuns o início oficial de dois anos de negociações que se adivinham delicadas entre Londres e os 27.
Depois da notificação, o presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk, deverá preparar em 48 horas um rascunho com as grandes linhas de negociação. Esse rascunho será enviado às 27 capitais europeias para o debate numa reunião de cimeira extraordinária sem o Reino Unido.
Há dois anos para definir uma nova relação e rever milhares de testos que ligam o Reino Unido à União Europeia há 44 anos. Os europeus já preveniram que os britânicos não poderão em simultâneo ter acesso ao mercado único e limitar a liberdade de circulação dos emigrantes europeus.
Londres também vai procurar obter garantias sobre o destino dos 1,4 milhões de britânicos que vivem em países da União Europeia que poderiam ser usados como moeda de troca com alguns 3,3 milhões de europeus que vivem no Reino Unido.
Os 27 vão realizar uma cimeira em 29 de abril sobre os princípios que baseiam as suas propostas de negociação. É nesta base que a Comissão irá elaborar um mandato de negociação que deverá estar pronto no início de maio. Após a validação dos Estados-Membros, entrará na última fase das negociações.
Durante as negociações, o Reino Unido continuará membro da União Europeia, fará parte do mercado único e se submeterá às leis europeias, incluindo àquela sobre movimentação livre de pessoas.