Portugal: Novas pegadas de Neandertais descobertas no Algarve revelam uma vida surpreendentemente complexa

Estudo internacional liderado por cientistas portugueses mostra que os neandertais eram muito mais adaptáveis e sociais do que se imaginava.

Uma equipa internacional de investigadores identificou novas pegadas de neandertais na costa do Algarve, em Portugal, revelando detalhes inéditos sobre a vida quotidiana destes antigos humanos. As descobertas, agora publicadas na revista Scientific Reports (do grupo Nature), representam a evidência mais antiga conhecida de pegadas neandertais em território português e oferecem pistas valiosas sobre o modo como exploravam e habitavam o litoral atlântico há cerca de 80 mil anos.

As pegadas foram encontradas em duas praias do Algarve – Monte Clérigo e Telheiro – e pertencem a adultos e crianças, o que sugere a presença de grupos familiares inteiros junto ao mar. De acordo com Carlos Neto de Carvalho, do Instituto Dom Luiz da Universidade de Lisboa e coordenador científico do Geoparque Naturtejo da UNESCO, e Fernando Muñiz Guinea, da Universidade de Sevilha, as impressões fossilizadas permitem “reconstruir momentos específicos da vida quotidiana, como deslocações em grupo, caçadas ou brincadeiras infantis nas dunas costeiras”.

Os investigadores salientam que este tipo de vestígio oferece uma visão direta e rara do comportamento social e da mobilidade dos neandertais, mostrando que estas populações eram altamente adaptáveis e exploravam diferentes ambientes, desde florestas até zonas rochosas e costeiras. Em alguns locais, as pegadas humanas foram encontradas lado a lado com rastos de animais como veados, sugerindo estratégias de caça cooperativa.

Através de análises ecológicas e comparações com outros sítios da Península Ibérica, o estudo conclui que a dieta dos neandertais incluía carne de caça e recursos marinhos, como peixes e moluscos, evidenciando uma surpreendente flexibilidade alimentar. Para os autores, estas descobertas “mudam a forma como vemos os neandertais — não apenas como caçadores robustos, mas como comunidades engenhosas, sociais e profundamente ligadas ao seu ambiente costeiro”.

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