Um novo estudo publicado no Journal of the Endocrine Society sugere que os medicamentos GLP-1, originalmente desenvolvidos para tratar diabetes e obesidade, também podem ajudar a reduzir comportamentos aditivos, incluindo o consumo de álcool, opioides e nicotina.
Estes medicamentos, conhecidos como agonistas do receptor do peptídeo-1 semelhante ao glucagon (GLP-1RAs), atuam nos circuitos de recompensa do cérebro, oferecendo uma nova abordagem promissora para o tratamento da dependência química.
Segundo Lorenzo Leggio, investigador principal do Instituto Nacional sobre Abuso de Drogas (NIDA) e do Instituto Nacional sobre Abuso de Álcool e Alcoolismo (NIAAA), pesquisas iniciais em animais e humanos indicam que os GLP-1RAs podem reduzir a vontade de consumir substâncias e o próprio consumo.
Ensaios clínicos recentes demonstraram que a semaglutida, um agonista mais recente, diminuiu significativamente a autoadministração de álcool em laboratório, bem como o número de doses diárias e a vontade de beber em pessoas com transtorno por uso de álcool.
Estudos pré-clínicos indicam ainda que estes medicamentos podem reduzir a procura por opioides, como heroína, fentanil e oxicodona, bem como a recaída em modelos de dependência química em roedores. No caso do tabaco, dados iniciais sugerem que os GLP-1RAs diminuem o consumo de nicotina e podem ajudar a prevenir o ganho de peso frequentemente associado à cessação do tabagismo.
Embora os resultados sejam promissores, os cientistas sublinham que são necessárias mais pesquisas para confirmar a eficácia destes medicamentos no tratamento da dependência e compreender os mecanismos biológicos envolvidos.