A África Austral está a viver uma situação humanitária crítica, marcada por seca extrema, ciclones, chuvas fortes e conflitos, que têm afetado milhões de pessoas. O fenômeno climático El Niño de 2024 provocou impactos severos em colheitas e meios de subsistência, sendo considerado o pior do último século pelo Escritório de Assistência Humanitária da ONU (Ocha).
Entre os países mais afetados estão Angola e Moçambique, que necessitam de atenção internacional e maior financiamento para enfrentar os efeitos humanitários. Angola registrou 27 mil casos de cólera, parte dos mais de 37 mil casos confirmados em sete países da região, enquanto Moçambique enfrentou agravamento da situação por ciclones e chuvas fortes no início de 2025.
O Fundo Central de Resposta a Emergências (Cerf) já destinou US$ 1,8 milhão para Angola e US$ 4 milhões para Moçambique para ações urgentes de assistência humanitária, incluindo combate a surtos de doenças como cólera, malária, miocardite e sarampo.
Em Moçambique, 23 milhões de pessoas precisam de ajuda humanitária, devido à combinação de conflito, deslocamentos, surtos de doenças e sistemas de proteção social frágeis. Só na província de Cabo Delgado, 95 mil pessoas foram forçadas a fugir de casa em maio de 2025, elevando o total de deslocados internos para 609 mil, o maior da região.
A insegurança alimentar continua alta, mesmo com alguma recuperação nas colheitas, porque infestações de gafanhotos e lagartas-do-cartucho prejudicam plantações, agravando a crise. Outros países da região, como Maláui, Madagáscar, Zâmbia e Zimbabué, também enfrentam desastres climáticos e epidemias que ameaçam milhões de vidas.
A região tem intensificado esforços para lidar com desastres climáticos e deslocamentos forçados, mas a magnitude das crises exige cooperação internacional e recursos adicionais para proteger vidas e meios de subsistência.