O vice-presidente da União Regional dos Padres da África Ocidental, padre Augusto Mutna Tamba, lançou um alerta público sobre os riscos do radicalismo e do extremismo violento na Guiné-Bissau. Numa publicação feita esta segunda-feira, 8 de Setembro, na sua página do Facebook, o sacerdote sublinhou que “nos tempos de incerteza e tensões crescentes em várias partes do mundo, a Guiné-Bissau não pode ignorar os sinais de alerta”.
Para o religioso, “o radicalismo e o extremismo violento são ameaças silenciosas que, quando negligenciadas, podem corroer os alicerces de qualquer sociedade”. Tamba recordou que a Guiné-Bissau é um país marcado pela diversidade cultural, religiosa e étnica, e que, por isso, “a vigilância e a prevenção devem ser colectivas e proactivas”. Nesse processo, destacou o papel da juventude, dos líderes religiosos, da sociedade civil e da imprensa como “protagonistas na luta contra essas ameaças”.
O padre reforçou que “a juventude representa mais de metade da população guineense”, lembrando que “o desemprego, a exclusão social e a falta de oportunidades tornam muitos jovens vulneráveis ao recrutamento por grupos radicais”. Ainda assim, considerou que os jovens têm “o maior poder de transformação. Com o devido apoio, educação de qualidade, formação cívica e acesso a oportunidades, os jovens tornam-se agentes activos na construção da paz e na promoção de valores democráticos”, escreveu.
Defendendo que os jovens devem ser ouvidos, capacitados e empoderados para dizer “não ao extremismo”, Mutna Tamba salientou também o papel central da religião na sociedade guineense. “Num país onde a fé ocupa um lugar central na vida das pessoas, os líderes religiosos possuem uma autoridade moral inigualável. São eles que orientam, aconselham e influenciam comunidades inteiras. Quando esses líderes promovem discursos de tolerância, respeito mútuo e convivência pacífica entre as diferentes crenças, estão não apenas a cumprir a sua missão espiritual, mas também a proteger a estabilidade nacional. A sua neutralidade política e o compromisso com a paz são indispensáveis”, escreveu.
O sacerdote frisou ainda a relevância das organizações da sociedade civil. “Elas actuam como pontes entre o Estado e os cidadãos, promovendo diálogo, educação para a paz e defesa dos direitos humanos. Num contexto de risco, o silêncio da sociedade civil é perigoso. É fundamental que estas organizações intensifiquem as campanhas de sensibilização, principalmente nas zonas mais vulneráveis, e que cobrem acções concretas do governo na prevenção ao extremismo.”
Mutna Tamba estendeu também o alerta ao papel da imprensa. “A mídia, quando livre e responsável, é uma aliada poderosa contra o radicalismo. Mas quando mal utilizada, pode se tornar cúmplice da polarização, do medo e da intolerância.” Para o padre, o jornalismo guineense deve assumir uma função pedagógica e educativa, combatendo as fake news e dando espaço a vozes diversas que promovem a paz.
“A imprensa precisa ser vigilante e os jornalistas bem pagos, mas também pedagogicamente bem preparados. A prevenção começa pela informação correcta”, concluiu.
Mamandin Indjai