A Organização Mundial da Saúde (OMS) alertou esta quarta-feira para uma nova fase de escassez financeira no combate à tuberculose, advertindo que os cortes no financiamento internacional podem comprometer as metas de erradicação da doença até 2030. O aviso foi feito durante a apresentação do Relatório Global da Tuberculose 2025, que assinala progressos moderados, mas ainda insuficientes, para cumprir as metas globais.
Segundo o documento, 10,7 milhões de pessoas adoeceram e 1,23 milhão morreram da doença em 2024 — uma ligeira redução em relação ao ano anterior, mas ainda acima dos níveis registados antes da pandemia. A taxa de incidência global caiu apenas 1,7% entre 2023 e 2024, ficando muito aquém da meta de redução de 50% até 2025 estabelecida pela Estratégia “Fim da Tuberculose”.
Entre os países lusófonos, o relatório destaca Brasil, Angola e Moçambique pelos avanços significativos na deteção e tratamento da doença.
O Brasil manteve uma das maiores taxas de diagnóstico do mundo — mais de 80% dos casos identificados — e financia 96% das ações de combate com recursos internos, demonstrando forte autonomia. Em Moçambique, a cobertura de diagnóstico também ultrapassa os 80%, embora apenas metade dos casos tenha confirmação bacteriológica. O país registou, no entanto, uma redução nas notificações em 2025. Angola alcançou mais de 80% de cobertura no diagnóstico da tuberculose resistente a medicamentos, saindo da lista de países com alta coinfeção TB/HIV, o que reflete um progresso relevante na integração dos serviços de saúde.
A OMS alertou ainda que 87% dos casos globais se concentram em 30 países, liderados por Índia, Indonésia, Filipinas, China e Paquistão. A organização apela à mobilização urgente de novos recursos e parcerias, defendendo que o combate eficaz à doença exige cobertura universal de saúde, proteção social e investimento contínuo em investigação, incluindo novas vacinas — das quais 18 candidatas já se encontram em fase de ensaio clínico.