Um dador dinamarquês de esperma, portador sem saber de uma mutação rara no gene TP53 associada a um elevado risco de cancro, concebeu pelo menos 67 crianças em vários países europeus. Pelo menos 23 descendentes herdaram a variante genética, e 10 já foram diagnosticados com diferentes tipos de cancro, revelou recentemente uma investigação científica apresentada numa conferência em Milão.
O caso pôs em causa as regras que regulam a doação de esperma na Europa, onde não existem limites comuns sobre o número de filhos concebidos a partir de um mesmo dador. Enquanto alguns bancos limitam o número de famílias por dador, a ausência de regulamentação harmonizada poderá facilitar a propagação involuntária de doenças hereditárias.
Inúmeros especialistas alertam para a necessidade de um acompanhamento rigoroso das crianças portadoras da mutação, associada à síndrome de Li-Fraumeni, que provoca vários tipos de tumores. 
O risco de consanguinidade e a quebra do anonimato dos dadores também são temas em debate, numa era em que os testes genéticos e as redes sociais tornam mais fácil a descoberta de meios-irmãos.
Vários conselhos de ética médica dos países nórdicos defendem a criação de regras europeias para limitar o número de descendentes por dador e garantir maior segurança genética e ética na doação de gâmetas.
O debate surge numa altura em que as tecnologias de diagnóstico genético evoluem rapidamente, mas ainda faltam normas que acompanhem estes avanços
 
								