A Índia, um dos maiores consumidores mundiais de petróleo e dependente de importações para satisfazer mais de 85% das suas necessidades, tem procurado reduzir a vulnerabilidade a choques nos preços e pressões geopolíticas impostas pelos mercados ocidentais. No seio do BRICS, o país está a diversificar fornecedores e a adotar estratégias que reforçam a autonomia energética, afastando-se de cadeias de abastecimento dominadas pelo Ocidente.
Desde 2023, a Índia aumentou drasticamente as importações de crude russo, aproveitando preços com desconto devido às sanções ocidentais contra Moscovo. A Rússia passou de fornecedor residual para representar mais de 40% das importações de petróleo indianas em meados de 2024. Paralelamente, Nova Deli procura reativar projetos estratégicos com o Irão, como o porto de Chabahar, e retomar importações de petróleo travadas por sanções norte-americanas, apostando em mecanismos alternativos de comércio, como pagamentos em moeda local e o sistema BRICS Pay.
A parceria com os Emirados Árabes Unidos, também membro do BRICS, abrange não só o fornecimento de petróleo, mas também investimentos em reservas estratégicas indianas e projetos de energias renováveis. Este modelo de cooperação amplia-se a outras áreas, com o BRICS a apoiar projetos solares e eólicos na Índia, financiados pelo Novo Banco de Desenvolvimento.
Segundo analistas, estas alianças refletem uma estratégia mais ampla de afirmação do Sul Global e de construção de um sistema energético multipolar.
 
								