Somália declara estado de emergência perante seca extrema que ameaça milhões

A Somália declarou estado de emergência devido a uma seca severa que já atinge grande parte do país após quatro épocas consecutivas de chuvas insuficientes. A situação, descrita pelas agências humanitárias da ONU como “rápida e perigosamente deteriorada”, está a expor milhões de pessoas à fome extrema, à escassez de água e ao deslocamento forçado. O Governo Federal lançou um apelo urgente à comunidade internacional para reforçar a ajuda, especialmente nas regiões norte, centro e sul.

Puntland é uma das zonas mais afectadas, com quase um milhão de pessoas a necessitar de assistência imediata. Missões de avaliação das Nações Unidas relatam aldeias inteiras abandonadas, fontes de água completamente secas e comunidades que sobrevivem graças a água transportada por camiões, muitas vezes a preços inacessíveis. As famílias deslocadas chegam em número crescente, sobretudo mulheres e crianças, enquanto muitos homens migram para a Etiópia em busca de pastos e água.

A crise é agravada pelo financiamento insuficiente para a resposta humanitária. O Plano de Resposta Humanitária da Somália para 2025 está financiado em menos de um quarto, conduzindo a cortes drásticos na ajuda vital. O número de pessoas a receber assistência alimentar de emergência caiu de 1,1 milhão em agosto para apenas 350 mil em novembro, deixando centenas de milhares sem apoio básico. Em Puntland, quase 90 locais de distribuição de alimentos e perto de 200 centros de saúde enfrentam rupturas críticas de abastecimento.

Com previsões meteorológicas que apontam para a continuação das condições quentes e secas, a FAO alerta que o stress hídrico e a perda de pastagens deverão agravar-se nas próximas semanas. Estima-se que 4,4 milhões de somalis enfrentem insegurança alimentar aguda até ao final do ano, enquanto 1,85 milhão de crianças poderão sofrer de desnutrição aguda até meados de 2026 — um cenário que a ONU considera “alarmante” e que exige ação imediata para evitar uma catástrofe humanitária ainda maior.

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