A cidade de Yaoundé recebeu esta quinta-feira, 27 de novembro, a 47.ª Reunião Anual da Associação dos Bancos Centrais de África (ABCA), que reuniu líderes financeiros de todo o continente para discutir regulação climática, finanças verdes e digitalização.
A sessão de abertura foi marcada pelos discursos do governador do BEAC, Yvon Sana Bangui, do Comissário da União Africana para o Desenvolvimento Económico e de Priscilla Muthoora Thakoor, presidente da ABCA e governadora do Banco de Maurícia. Seguiu-se a conferência inaugural de Leonardo Gambacorta, do Banco de Pagamentos Internacionais, dedicada às perspetivas macroeconómicas africanas, antes do encerramento oficial pelo ministro das Finanças dos Camarões, Louis Paul Motaze.
Os debates arrancaram com uma sessão plenária sobre regulação financeira e gestão de riscos associados ao clima, com representantes de Bank Al-Maghrib, do Banco Nacional do Ruanda e do Banco Central da Gâmbia. Os especialistas alertaram para a necessidade urgente de reforçar a capacidade institucional dos bancos centrais africanos para responder aos riscos ambientais, defendendo uma maior coordenação regional e a adoção de quadros regulatórios mais robustos e inovadores.
As finanças verdes estiveram igualmente em destaque, num painel presidido pelo governador do Banco da Zâmbia. O académico Nasser Ary Tanimoune sublinhou a importância de transformar os sistemas financeiros africanos para apoiar investimentos sustentáveis, enquanto a vice-governadora do Banco de Reserva da África do Sul, Fundi Tshazibana, apresentou políticas monetárias compatíveis com a transição ecológica. Representantes de vários bancos centrais partilharam, ainda, experiências sobre a integração de critérios ESG, apelando ao reforço da cooperação continental.
A digitalização financeira encerrou a jornada, com um último painel dedicado ao impacto das tecnologias financeiras, dos pagamentos móveis e das moedas digitais na política monetária e na inclusão financeira. Presidida pelo governador do Banco Central da Nigéria, a sessão destacou as oportunidades trazidas pela inovação digital, mas também os desafios regulatórios e de cibersegurança.
Os participantes defenderam o investimento numa infraestrutura digital sólida que permita expandir o acesso aos serviços financeiros, garantindo simultaneamente a estabilidade macroeconómica e a proteção dos utilizadores.